Andámos durante vários dias a “chatear” alguns amigos nossos que são donos de bicicletas elétricas dentro do típico conceito urbano, aquele em que podemos enquadrar esta Beeq C500 Trekking. Alguns deles têm mesmo bikes deste género ligeiramente modificadas para poderem rolar bem em estradões e em alguns caminhos mais “esburacados”. O nosso objetivo: perceber as verdadeiras necessidades de quem procura uma urbana elétrica.

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Beeq

E tivemos efetivamente alguns inputs interessantes, e isto a coincidir com a altura em que testámos este modelo de origem portuguesa que nos chega da Beeq, que tem como principal atrativo o preço, que fica bem abaixo da fasquia dos 2.000 euros. Mais concretamente, esta versão Trekking custa 1.799 euros, com venda direta online por parte da marca, estando também disponível a versão Urban Motion, ao mesmo preço, com ligeiras diferenças.

Beeq C500 Trekking

Basicamente, o utilizador deste tipo de bicicleta procura uma solução para percorrer curtos trajetos citadinos (ou em ambiente equivalente) sem ter de fazer grande esforço, mesmo que este inclua um ou outro segmento mais inclinado. Ou seja, deseja autonomia, facilidade de utilização, uma boa forma de ver e ser visto quando fica escuro, e ainda alguma capacidade de carga. Além disso, naturalmente, procura-se um motor que cumpra os mínimos na hora de auxiliar a pedalada.

A Beeq C500 Trekking que experimentámos, mesmo não figurando naquele estreito grupo de urbanas elétricas topo de gama em vários pontos (que custam mais do dobro…), é basicamente uma bicicleta que concede uma boa relação características/preço, estando equipada com um lote de componentes à imagem do preço que tem na etiqueta. Agradará certamente ao ciclista de cidade que quer apenas ir do ponto A para o ponto B e não tanto àquele um pouco mais entendido, que procura um pouco mais de “detalhe”, de potência no motor e de “agilidade” na condução.

Beeq C500 Trekking

Beeq C500 Trekking: motor Shimano Steps 5000

Mas comecemos pelo motor, que é do que estávamos a falar mesmo agora ao referirmos os pontos determinantes numa bike do género. Neste caso, está montado o sistema elétrico Shimano Steps 5000 de 250 w, uma solução que, tendo em conta o peso desta Beeq, conseguirá “levar água ao seu moinho”.

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Beeq

Não é o propulsor mais poderoso do segmento, é aquele que é possível ter por valores abaixo dos 2.000 euros, falando linearmente. E traz-nos as quatro opções de assistência à pedalada que conhecemos desta solução: o modo High é o que nos assiste a 200% e é o mais divertido (e rápido, claro). É também o que mais gasta energia à bateria, mas que a subir é indispensável.

Beeq C500 Trekking

O modo Normal dá apoio a 100% e é o que acabamos por usar na maior parte dos nossos caminhos na cidade ou noutros trajetos, ao passo que o modo Eco ganha expressão quando precisamos de poupar energia para mais tarde, assistindo a 40%. Sem surpresas nestes dois modos. Para caminhar com a bicicleta à mão, por assim dizer, não falta o modo Walk, que nos ajuda a empurrar esta Beeq C500 a velocidades de até 6 km/hora.

Esta “tarefa”, tal como todos os momentos a manusear esta bicicleta, são influenciados pelo peso da mesma, que continua a ser um ponto muito importante em qualquer bike elétrica. E bem sabemos que “registos” abaixo dos 20 kg estão reservados apenas às e-bikes de estrada e BTT mais caras e bem equipadas. Assim, é natural que este modelo pese uns “bons” 23 kgs, senão um pouco mais.

Beeq C500 Trekking

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KTM

Confessamos que é algo que não nos traz problemas no uso normal da bicicleta e a andar seja onde for; os “contras” chegam se tivermos que a carregar para casa e morarmos num 3.º andar sem elevador, por exemplo. Porque estas são bicicletas pesadas, grandes, volumosas. Já sabemos isso, apenas deixamos o aviso de sempre. Mas, neste caso concreto, esta Beeq nem é das mais pesadonas!

Por outro lado, e para completar a “conversa” do motor integrado no quadro em alumínio 6061 desta Beeq, vamos enumerar dois elementos em concreto: o visor de controlo da bicicleta e a bateria instalada.

A autonomia pode chegar aos 150 kms no modo Eco.

Começando por esta última, a bateria: é uma unidade de 418 Wh, montada fora do quadro e a meio deste, sensivelmente, com um peso entre os 2 e os 3 kgs, que assim acaba por ficar bem distribuido durante a condução da bicicleta. A autonomia anunciada é de até 150 kms no modo Eco, algo que confessamos que não conseguimos verificar.

O que verificámos, sim, foi a autonomia no modo High, que anda pela metade dessa marca, ficando-se por algo como 80 kms, sendo que nestes incluem-se vários momentos de subida em que tentámos ir o mais depressa possível. Num uso no modo Normal, por outro lado, consegue-se um total acima dos 100 kms, por pouco. Não nos pareceu mal, resta depois perceber qual será o desgaste da bateria.

Beeq C500 Trekking

A marca refere-o no site oficial, mas seria algo a comprovar ao longo do tempo, até porque estes são parâmetros que dependem muito das condições em que a bateria é usada e armazenada. O frio, por exemplo, bem como os ciclos de carga, influenciam muito o desempenho.

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Refira-se ainda o facto de a bateria estar instalada fora do quadro, não é integrada; isto faz com que possamos removê-la para carregá-la sem que esteja colocada na bicicleta. Imagine-se: deixamos a bike na arrecadação (ou até na rua) e retiramos a bateria para a levarmos para dentro e a carregarmos numa tomada de parede normalíssima.

Tudo à vista com um ‘grande’ ecrã

Quanto ao outro elemento referido atrás, o ecrã, trata-se da unidade de controlo Shimano SC-E6100 que está associada ao conjunto Steps 5000, com bastante espaço visível, a preto e branco, que mostra a velocidade instantânea, o modo de condução selecionado no momento (com estimativas de autonomia), as horas e o estado da bateria. Conta com algo importante: um botão para ligar e desligar as luzes, de que falaremos mais à frente.

Já em relação ao desenho do quadro, que acaba sempre por ser muito importante, nota-se um cunho próprio da marca, o que é bom. Não gostamos muito das soldaduras demasiado “vincadas” e expostas nas uniões do quadro de alumínio, mas estas acabam por encaixar bem num look robusto e que agrega muitos “pormenores Beeq” interessantes e que se podem ver bem na galeria de imagens de detalhe abaixo.

Esta versão Trekking apresenta-se com top tube, tendo este até uma ligeira inclinação, e os minutos passado em cima da bicicleta revelam conforto q.b. para a finalidade a que se destina. A versão Urban Motion, por sua vez, dispensa o top tube no quadro, sendo uma versão menos “offroad” e mais adequada a um uso por parte de toda a família, até porque é mais fácil de montar e desmontar, por exemplo.

Conseguimos manter-nos bastante direitos na bicicleta, o que pode ser importante neste segmento.

A combinação de componentes na montagem do guiador permite ajustes que podem elevar os índices de conforto e adaptação do corpo à bike. O avanço, por exemplo, pode ser regulado em inclinação (entre 0 e 90 graus); o próprio guiador, com 680 mm de largura, deixa-nos os braços na posição certa; o selim da Selle Royal, um Essenza, é confortável; e os punhos da Herrman são do tipo ergonómico, algo que não nos agrada particularmente, mas que é perfeitamente certo para este tipo de utilização diária.

Relembramos, contudo, que um pouco mais abaixo a forqueta é rígida (com eixo passante de 100 mm), sem amortecimento, o que é habitual entre este tipo de bicicletas, apesar de nesta versão Trekking poder fazer sentido montar uma suspensão frontal, talvez; algo que encareceria este modelo, mas que traria mais absorção nas estradas não asfaltadas e fora das ciclovias da cidade. Menos uma coisa a pesar, assim.

Não podemos contar com uma circulação totalmente livre da trepidação que o terreno oferece, mas todo o conjunto parece querer minimizar os impactos que daí advêm. Tudo depende depois das características do percurso diário e do tempo que passamos em cima da bicicleta. Sem grandes ruídos “parasitas” a assinalar, nem mesmo vindos dos guarda-lamas em aço inoxidável, que normalmente tendem a apresentar-se mal fixados. Não é o caso.

Beeq C500 Trekking

Nesse campo, e já a rolar, as rodas de 28 polegadas não surpreendem, apenas cumprem a sua missão juntamente com uns bem escolhidos pneus Continental DoubleFighter 2.0, bons para qualquer tipo de piso, no fundo. Largos q.b.. Na hora de travar, diga-se que o sistema Shimano MT-200, muito por poder contar com discos de 180 mm tanto na roda da frente como na de trás, faz um bom trabalho. Sem sustos.

Transmissão adequada ao dia a dia…

Ainda a rodar, a transmissão: um conjunto Shimano Altus de 9x que funciona bem e chega perfeitamente para este dia a dia. O pedaleiro de 38 dentes, sendo esta uma e-bike, não traz dificuldade extra nos percursos mais inclinados e dá velocidade a rolar e a descer, haja pernas e energia na bateria.

Beeq C500 Trekking

Outros pormenores interessantes: a presença da grade traseira, que tanto facilita o transporte de carga ligeira como promete uma boa fixação de alforges compatíveis. E ainda a presença do habitual “descanço”, “obrigatório” nas urbanas elétricas. Já no que toca às luzes, apesar de não serem verdadeiros “holofotes” como já vimos noutros modelos, irão certamente servir o seu propósito na maior parte das situações menos iluminadas.

Alguns destaques:

Grade traseira

Como boa urbana que é, esta Beeq C500 Trekking não podia deixar de lado este suporte para carga ou para uma brincadeira, transportando um passageiro.

Visor de grande dimensão

Um ponto que nos chamou a atenção: conseguimos ver, em grande, a velocidade a que vamos e outras informações rápidas.

Indicação de energia

Estes cinco pontinhos são o indicador de carga da bateria, que é removível.

Powered by… you!

Curiosa, esta “declaração” inscrita no quadro. Powered pela Beeq. Pelo motor elétrico e pelas nossas pernas, claro. Aqui vemos também muito de perto o aspeto das uniões de soldadura deste quadro em alumínio 6061.

Continental DoubleFighter 3

Um par de pneus muito adequado aos estradões de gravilha, quando for preciso. Um dos elementos que ajudam a definir esta versão Trekking da C500. Podem fazer a diferença nos percursos urbanos mais escorregadios quando está a chover…

A nossa avaliação…

É fácil gostar da Beeq C500 Trekking: muito útil no dia a dia da cidade, interessante para um momento de diversão ao fim de semana, mesmo que nos atrevamos a passear por alguns estradões de terra.

O preço continua a ser uma boa vantagem, transformando-a num modelo com bom compromisso entre o valor pedido e aquilo que se obtém. É uma bike bastante boa para ter um primeiro contacto com as elétricas urbanas deste género: não gastamos muito, experimentamos, satisfazemos a nossa necessidade de deslocação do tipo commuter no dia a dia; se quisermos “dar o salto” dentro do segmento, podemos depois comprar uma mais avançada, mais bem equipada, quem sabe com suspensão à frente, e entregamos esta aos cuidados de outro membro da família. Todos ganham!

Mas atenção: não é uma topo de gama, pelo que existem vários modelos de marcas concorrentes que garantem um desempenho acima do que aqui encontramos. São mais dispendiosas, claro.

Pontos mais positivos:

  • O preço, visto que se trata de uma bicicleta urbana robusta e até bem equipada, no fundo.
  • Apesar de pesadas, também, as rodas combinam bem com os pneus com rasto para terra. Não é de todo uma BTT, mas permite passar a boas velocidades por estradões cheios de gravilha solta. Não há qualquer tipo de amortecimento, relembramos.
  • O design tem um cunho próprio da marca, com três cores à disposição.

Pontos a melhorar:

  • Sendo uma versão Trekking, na próxima geração vamos querer encontrar por aqui uma suspensão frontal, por favor.
  • Dada a construção do quadro, acaba por ser normal percebermos que esta Beeq é uma bicicleta algo pesado. Por um lado dá estabilidade a quem tem pouca experiência na deslocação de bicicleta, por outro lado pode tornar-se menos manobrável por quem tem muitos kms feitos e tem neste modelo um meio de transporte diário. Ainda assim, há mais pesadas.
  • A transmissão é de entrada de gama, destinada a uma utilização citadina simples.

Todas as fotos:

Galeria de pormenores:

Especificações da Beeq C500 Trekking:

  • Quadro: Urban Motion Hydroformed Aluminum 6061
  • Forqueta: liga rígida 28″ 463 mm com eixo passante
  • Motor: Shimano Steps E5000
  • Bateria: Shimano BT-E8010 418 Wh 36V
  • Ecrã: Shimano SC-E6100
  • Caixa de direção: Acros com ajuste entre 1.5″ e 1-1/8″
  • Pneus: Continental Double Fighter 28” – 2.0
  • Cranques: Shimano FC-E5010 prato único 38d – 175 mm
  • Cassete: Shimano CS-HG201 9x
  • Desviador: Shimano RD-M6000 GS Deore 10x
  • Corrente: Shimano CN-E6090-10 10x
  • Manípulo de mudanças: Shimano Altus SL-M2010 Rapidfire Plus
  • Travões: Shimano MT200 com discos de 180 mm (frente e trás)
  • Guiador: Satori Deviant Bow Black 660 mm
  • Avanço: Satori Ahead UP3
  • Selim: Selle Royal Essenza Moderate Black
  • Guarda-lamas: SKS 60 mm
  • Suporte de alforge traseiro: Atranvelo AVS Easy System
  • Luz frontal: Axa Blueline 30 com reflector
  • Luz traseira: Picadilly LED para rack traseira
  • Pedais: Union Ball Ring com “anti-derrapante”
  • Peso: 23 kgs (aproximadamente)

Site oficial:

Neste teste:

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