A poucos dias de começar a 1ª Volta a Portugal Feminina, quisemos falar um pouco de juventude, competição e futuro no que diz respeito a ciclismo feminino no nosso país. Conversámos então com Daniel Isidoro, um dos nossos colaboradores aqui no projeto GoRide.pt desde o início, e também diretor desportivo da equipa feminina Agência Avenida/D`Helvetia.

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Quisemos ficar a saber como correu a prova 1ª Volta às Beiras Citroen A MatosCar (Feminina), que decorreu de 23 a 25 de julho, como foi a performance da equipa em causa nesses três dias e também qual a visão de Daniel do futuro do ciclismo feminino em Portugal. Isto do ponto de vista de um responsável por uma equipa que conta apenas com jovens Cadetes (15-16 anos) nas suas fileiras.

GoRide.pt: Apresenta-nos esta nova prova, por favor!

Daniel Isidoro: A prova em si é um reflexo da natural evolução do ciclismo feminino em Portugal, fruto de um forte investimento por parte de todos os envolvidos na modalidade.

Na 1ª Volta às Beiras foi possível sentir o ambiente envolvente de uma verdadeira volta em bicicleta, pois o facto de assistirmos a uma prova em que decorrem as normais apresentações de equipas que terminam mais tarde nas usuais cerimónias protocolares “credita” a prova para futuros investimentos e novos patrocinadores.

E é uma das provas “fora da caixa” no âmbito nacional feminino por ter partida em ponto A e chegada em ponto B, o que desperta o interesse do público em geral. É uma boa e nova experiência de corrida para o pelotão feminino.

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GoRide.pt: Que balanço fazes da participação da tua equipa nesta Volta às Beiras Feminina?

Daniel Isidoro: O balanço é claramente positivo, pois participámos com três jovens Cadetes, duas atletas de 2º ano e uma de 1º ano. Conseguimos “sobreviver” às etapas e terminámos com duas das três atletas dentro dos tempos de controlo e a disputar o Top 10 da geral dentro da sua categoria.

GoRide.pt: Estas experiências e oportunidades foram enriquecedoras para o vosso clube em termos de experiência competitiva para provas por etapas?

Daniel Isidoro: Sim, naturalmente. O nosso clube, apesar de pequeno e humilde, tem vindo a participar em diversas Voltas desde a sua criação em 2012. Já estivemos presentes em cinco Voltas em África, duas na Flandres Belga e uma na Holanda.

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Temos por isso já um conhecimento do que é competir a pensar no dia-a-dia, no entanto o cenário feminino, por ser novo, e no caso do nosso clube, torna-se duro e complexo de gerir, já que a nossa categoria, sendo a mais jovem, compete com diversas categorias conjuntas, sendo uma delas a Elites UCI Woman Team.

Mas esta é assim uma oportunidade única de nos superarmos e de arranjarmos soluções para sermos cada vez mais competitivos enquanto equipa.

GoRide.pt: Sentes que o ciclismo feminino em Portugal subiu patamares em 2021? Mesmo com a pandemia…

Daniel Isidoro: Sim. Existe um enorme trabalho feito pela UVP-FPC de todas as pessoas e departamentos sem exceção para que as coisas possam acontecer e a prova disso são as corridas da Taça de Portugal Feminina, os Campeonatos Nacionais e a realização da 1ª Volta A Portugal Feminina em Setembro.

O nível competitivo das atletas aumentou bastante e os diretores desportivos estão obrigados a fazerem um trabalho mais atento com as suas equipas femininas, isto além da gestão das equipas masculinas que há para gerir.

GoRide.pt: Como vivem os diretores desportivos das equipas femininas esta nova realidade? 

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Daniel Isidoro: Vivemos da mesma maneira. Na parte competitiva, serem mulheres ou homens nada difere. Mas, sob outro ponto de vista, aí já existe um espírito de entreajuda maior, pois sentimos todos que estamos algo atrasados em relação a outros países onde o ciclismo feminino despoletou mais cedo.

É comum darmos por nós a pararmos o carro para ajudarmos uma atleta de outra equipa avariada na estrada ou simplesmente darmos ajudas técnicas a atletas de outras equipas no final das provas. Sabemos que quanto mais forte for o nosso pelotão mais beneficiados sairemos a curto prazo.

Temos também um sentimento de preocupação com todas as atletas em geral, independentemente do seu clube ou categoria, porque elas ainda são poucas. Neste momento, todas fazem falta à modalidade!

Algumas infos sobre a prova:

  • 1ª Volta às Beiras Citroen A MatosCar
  • Organizadores: Envolvsport, UVP-FPC, AC Beira Alta e AC Beira Interior.
  • Municipíos: Sabugal, Mêda e Almeida.
  • Fotógrafo Oficial: Eduardo Campos (todas as fotos neste artigo são da sua autoria)
  • Etapas:
    23 de Julho – Contra-Relógio Equipas Casteição – Mêda | 11,3 Km
    24 de Julho – 2ª etapa Mêda – Almeida | 80,20 Km
    25 de Julho – 3ª Etapa Vilar Formoso – Sabugal | 60,20 Km

Resultados da equipa Agência Avenida/D`Helvetia:

Daniela Isidoro – Cadete Feminina 1º ano (11º lugar):
“Houve um momento momento não competitivo que me marcou bastante na Volta às Beiras: esta foi uma nova experiência de três dias consecutivos, ao qual se juntou o poder estar a tempo inteiro com as minhas colegas e staff. Foram dias de pleno convívio e trabalho, que na minha opinião valorizo bastante e que fazem também parte do ciclismo!”

Maria Santos – Cadete Feminina 2º ano (9º lugar)
“Terminei bastante cansada! Na realidade, muito exausta ao fim do 3º dia. Mas também muito feliz por ter conseguido cruzar a meta e ter tido a oportunidade de competir numa Volta em Bicicleta.”

Ana Sancho – Cadete Feminina 2º ano (OLP)

Resultados finais gerais, por categoria:

  • Elite – Iuliia LegKova (Korpo Activo/Penacova)
  • Sub23 – Maria Martinez (Team Farto – Btc)
  • Júnior – Beatriz Roxo (Academia Ciclismo de Paredes)
  • Master 30 – Liliana Silva (Clube BTT Matosinhos)
  • Master 40 – Sónia Santos (Vesam/Blok Vilanovense Cycling Girls)
  • Master 50 – Rosa Rodrigues (ATPLine – União Ciclista Ponte da Barca)
  • Cadetes – Irene Vargas (U.C. Fuenlabrada Feminas)

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