Por ocasião da apresentação oficial da Volta a França de 2026, o portal Cyclism’Actu encontrou Bernard Hinault em casa do ilustrador Greg, autor do recém-lançado livro “L’Alpe d’Huez et le Tour créa le mythe” (“Alpe d’Huez e o Tour criaram o mito”). A conversa foi uma viagem pelas memórias do lendário ciclista francês, que revisitou a sua relação com o mítico Alpe d’Huez, comentou o percurso da próxima edição da prova e partilhou a sua visão sobre Tadej Pogacar e a nova geração, incluindo o jovem Paul Seixas. 

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“Alpe d’Huez duas vezes… já fizemos isso” 

Questionado sobre a famosa subida que volta a marcar presença na edição de 2026 — e desta vez em duas etapas distintas —, Hinault relembrou as suas experiências e vitórias neste cenário lendário. 

“Já o escalei várias vezes e ganhei uma vez com o Greg LeMond. Ele tinha a camisola, mas não o deixei levar a vitória em Alpe d’Huez, porque não é todos os dias que se ganha lá. E, acima de tudo, foi o meu último ano”, recordou o “Texugo”, que terminou a carreira em 1986. 

A imagem icónica de Hinault e LeMond, de mãos dadas na chegada ao topo, continua a ser uma das mais marcantes da história do Tour. 

“É certamente raro dois colegas de equipa chegarem juntos a Alpe d’Huez, com a camisola amarela e aquele que terminaria em segundo lugar atrás deles. Foi bastante excecional”, afirmou. 

Sobre a decisão da organização de incluir duas passagens por Alpe d’Huez em 2026, o cinco vezes vencedor da Volta a França minimiza o ineditismo: 

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“Já o fizemos, não nos vamos esquecer. Eu já fiz uma vez. Foi há muito tempo; é preciso olhar para os arquivos: escalamos dois dias seguidos. Mas são duas rotas diferentes desta vez. A primeira subida é pela rota tradicional e a outra pela subida de Sarenne, por isso estamos a vir atrás. Ainda não conheço esta subida, por isso não posso dizer como será, mas será um grande dia de ciclismo.” 

“Pogacar? Um Tour feito para ele” 

Analisando o traçado da próxima edição, Hinault acredita que Tadej Pogacar parte como grande favorito. 

“Sim, acho que é um Tour feito para ele. Vendo como ele está a dominar agora, salvo algum incidente, não vejo ninguém que o possa preocupar.” 

Sobre o segredo para vencer em Alpe d’Huez, o ex-ciclista francês foi direto: “Tem que estar na frente, só isso. Não se deixe levar e não deixe escapar ninguém. Se quiser ganhar no Alpe d’Huez, não pode deixar escapar um adversário, e aí tudo correrá bem.” 

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“Paul Seixas deve esperar” 

O olhar do antigo campeão também se voltou para o futuro, com destaque para Paul Seixas, uma das grandes promessas do ciclismo francês. 

“Na minha opinião, não deve correr o Tour de France em 2026. Penso que é melhor para ele olhar para o Giro d’Italia ou para a Vuelta a España para se orientar, porque ainda haverá alguns grandes desafios e depois poderá relaxar um pouco.” 

Com a habitual franqueza, Bernard Hinault mostrou mais uma vez o olhar aguçado de quem conhece como poucos as exigências do Tour e o fascínio que o Alpe d’Huez continua a exercer — tanto sobre os ciclistas como sobre o público. 

Crédito da imagem: LeTour ASO/X

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