A competição é para as bicicletas de BTT um grande “motor” da evolução. Engenharia, design, tecnologias… À partida, todos os avanços tecnológicos mais importantes e significativos são primeiro testados em provas ao mais alto nível, e somente depois transitam para os modelos que chegam às lojas e ficam disponíveis para nós, utilizadores comuns.

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Seguindo esta lógica, assistimos neste momento a um “fenómeno” muito interessante: há sistemas que permitem fazer como os prós e modificar ligeiramente a geometria das bicicletas de BTT.

O objetivo é simples: ajustar a bicicleta à forma como a controlamos, ao nosso estilo de condução, aos trilhos que percorremos e ao que queremos fazer com ela. Alterar comportamento, basicamente. E isso pode ser feito de várias formas.

Substituir periféricos/componentes é uma delas. Outra é recorrer a sistemas que as próprias marcas inventam para nos facilitar esta tarefa de personalização da geometria da bicicleta. É de um exemplo de cada um destes métodos que aqui falamos…

O primeiro deles, quiçá o mais conhecido e falado de momento, é o uso do flip chip. que pode ser um parafuso ou uma pequena alavanca, por exemplo. Este componente pode ser integrado junto ao amortecedor traseiro das bicicletas de BTT ou num ponto de fixação.

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E o que faz é permite de forma fácil e rápida modificar distâncias entre componentes/sectores, entre elas os ângulos de direção e do selim, a altura do eixo pedaleiro,o reach ou a distância entre eixos, só para citar os mais utilizados.

Mas as nossas atenções recaem, contudo, em dois outros sistemas menos convencionais (e que trazem resultados equivalentes): a instalação/substituição do conjunto de roscas, anilhas e espaçadores de altura da direção; e o sistema de ajuste do comprimento das escoras.

Conjuntos para ajuste da direção

São várias as bicicletas de BTT que disponibilizam de série ou em opção anilhas, roscas e espaçadores para alterar/ajustar a direção. Podem ser de vários tipos e assumem diferentes designações, pois algumas são exclusivas de certas bicicletas/marcas e outros conjunto são universais.

Basicamente, além de ajudarem a definir a altura da direção da bicicleta, estes itens também podem modificar o ângulo da direção. São inseridos entre a mesma e o tubo respetivo (ou por substituição de todo o conjunto) e fazem com que possamos modificar o dito ângulo em até dois graus, normalmente.

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Esta alteração gera uma distância dentre eixos maior ou mais pequena, tal como modifica, como já referimos, a altura da direção e o ângulo da mesma, ficando mais aberto ou mais fechado. A alteração deve ser feita em função do que fazemos e como fazemos com a bicicleta, pois o comportamento muda efetivamente.

Wolf Tooth GeoShift Angle Headset Installation

Para exemplificar um pouco melhor, acima está um vídeo de instalação de um conjunto que faz precisamente isto, o Wolf Tooth Geoshift Angle Headset. Refira-se que é mesmo uma questão de mostrar como acontece a alteração, até porque nunca experimentámos esta solução.

Há ainda outros sistemas mais “extremos” que permitem mudar o offset da suspensão frontal e que também alteram a distância entre eixos, mantendo o ângulo de direção intacto.

Mas este é um sistema mais visto em competição e com uma execução mais complicada, vai além de um mero acionar de switch ou rodar de parafuso. 

Ajuste do comprimento das escoras

Aqui também é um flip chip que assegura a modificação, simplificando o processo e tornando-o acessível a qualquer um de nós, desde que a bicicleta o permita, claro. Neste caso, o flip chip está no ponto de fixação entre as escoras e o eixo da roda traseira.

Exemplos: a Mondraker Summum que aqui mostramos permite variações a este nível de mais ou menos 5 mm, consoante as nossas necessidades nos trilhos. Isto altera a longitude total da bicicleta através da posição das escoras, no fundo.

E não é só nas bicicletas de BTT, pois a Giant Revolt que testámos recentemente, um modelo de gravel, também permite fazê-lo.

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Giant Revolt Advanced 2 2022 | Details | GoRide.pt

Muda o comprimento deste sector posterior, mas as restantes medidas ficam na mesma, bem como o comportamento daí resultante, nomedamente no manuseamento da direção (ficam intactos o ângulo, o reach e o offset). Há mais estabilidade e controlo, à partida.

Também vais querer ler…

Especial direção, parte I: os diferentes tubos de direção em bicicletas de BTT

Especial direção, parte II: os diferentes sistemas de rolamentos

Artigo redigido por José Escotto e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.


Imagens: Wolf Tooth (Wolf Tooth Components) // Mondraker (Mondraker Summum)

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