Algo que até há pouco tempo era raro, de certa forma, tornou-se agora comum em muitas bicicletas de estrada: a utilização de potenciómetros. E até no BTT já se encontram muito atletas a utilizar este recurso, pois, naturalmente, os preços dos potenciómetros estão a baixar ao longo do tempo.

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De uma forma geral, um potenciómetro é um medidor (elétrico) da potência “libertada” pelo ciclista em determinadas condições. Mas o que é comtemplado nesta medição?

Primeiro, a quantidade de força aplicada numa determinada parte da bicicleta (por exemplo, no conjunto pedaleiro/pedais, entre outras). Para este efeito estão lá elementos de extensometria e/ou sensores que medem a deformação desses componentes, produzindo uma variação na sua resistência elétrica. O dado recolhido é conhecido como torque.

Em segundo lugar, a velocidade angular (isto é, a cadência), que é medida através de um acelerómetro. O resultado destes dois dados distintos dar-nos-á a potência em W (watts): Potência (W) = Torque x Cadência.

Os potenciómetros podem chegar a tirar várias medições por segundo, transmitindo a medição da potência calculada através de uma ligação sem fios estabelecida com o respetivo recetor (normalmente com base no protocolo  Ant+ ou numa ligação Bluetooth).

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Esse recetor é, normalmente, um ciclocomputador fornecido com o próprio potenciómetro, mas pode ser o dispositivo GPS que usamos ou até o smartphone.

Tipos de potenciómetros

Hoje é comum encontrarmos fabricantes de transmissões que integram potenciómetros nos pedaleiros, nas coroas dos pratos ou nos eixos do pedaleiro, soluções que se revelam bastante eficazes e “discretas”.

Ainda assim, continuam a estar disponíveis outros tipos de potenciómetros, que, pelo menos pelos preços praticados, merecem atenção. Estes são potenciómetros de e/ou instalados no…

1. Pedaleiro e/ou coroa

Talvez os mais comuns, com os medidores  incorporados no conjunto pedaleiro, instalados sobre este ou acoplados na coroa/prato. Existem alguns que incorporam os medidores em ambas os cranques, recolhendo parâmetros de potência de ambas as pernas separadamente.

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  • Vantagens: Peso. Simplicidade e precisão. Possibilidade de medição da potência de ambas as pernas em separado.
  • Desvantagens: Incómodo para trocar o sistemas entre bicicletas. Preço.

2. Eixo pedaleiro

A bateria e a eletrónica situam-se no eixo do pedaleiro, com peso reduzido e um centro de massas equilibrado. As medições acontecem a partir de apenas um cranque do pedaleiro ou de ambos.

  • Vantagens: Peso reduzido, boa concentração de massas. Nada suscetível a mudanças de condições climatéricas. Proteção contra impactos.
  • Desvantagens: Também aqui, a troca de uma bicicleta para outra.

3. Pedal

Os medidores estão inseridos dentro dos próprios pedais, com acontece no caso dos Garmin Rally, por exemplo. Dependendo do fabricante, o sensor pode estar localizado entre o pedal e o cranque ou no extremo oposto. A sua fácil instalação e mudança entre bicicletas são os  principais argumentos a favor.

  • Vantagens: Fácil instalação. Compatibilidade entre diferentes bicicletas.
  • Desvantagens: Muito “sensível em caso de queda”.

4. Sapatos

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Bastante em desuso (a Luck lançou em 2016 um modelo com estas características, deverá haver mais…), estes potenciómetros situam-se na sola do próprio sapato, por isso não interferem no peso da bicicleta e não necessitam de instalação.

  • Vantagens: Não necessitam de instalação. Baixo peso. Compatível com qualquer bicicleta.
  • Desvantagens: Poucas marcas comercializam esta solução atualmente.

5. Cubo de roda traseiro

Os medidores extensiométricos estão incorporados no cubo da roda de trás. A  fiabilidade e precisão é apenas média, já que se pode perder parte da potência na transmissão através da corrente. Este é um sistema que incluímos neste artigo apenas porque ainda pode ser encontrado em algumas bicicletas mais antigas. Mas é quase impossível de encontrar nas lojas…

  • Vantagens: Adaptável a qualquer tipo de bicicleta. Intermutável entre bicicletas.
  • Desvantagens: Atualmente estão extintos, com o desaparecimento da popular Powertap (que a Sram adquiriu, entretanto). Limitações na hora de escolher as próximas rodas.

Para terminar a 1ª parte desta nossa “reflexão” (amanhã publicamos a 2ªparte), aqui fica um vídeo que a Shimano publicou logo a seguir ao lançamento do novo grupo de transmissão Dura-Ace. É explicado o funcionamento dos potenciómetros integrados no sistema:

Science of Speed - Power Meter Technology | SHIMANO

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Artigo redigido por José Escotto e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.


Fotos / agradecimentos: Favero Electronics-Assioma // Shimano // Israel-Premier Tech // Rotor // Bianchi 

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