Gémeos Gonçalves, Oliveira e agora… Saleiro. Ou assim desejam Diogo e Sérgio. Chegarem ao alto patamar que os seus compatriotas alcançaram. O ciclismo português começa a habituar-se a ter gémeos de destaque e os jovens de Barcelos ambicionam um dia tornarem-se em referências nas clássicas.

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Sim, Barcelos, tal como os Gonçalves. E mais, da mesma freguesia: Roriz. Coincidências que ajudaram a motivar os dois atletas, de 18 anos. Representam o ACDC Trofa e não hesitam em colocar José e Domingos Gonçalves como ídolos. Estão no primeiro ano de sub-23 num passo importante rumo ao que esperam ser uma carreira na modalidade. Mas já perceberam que têm muito trabalho (e árduo) pela frente.

“Está a ser muito difícil. É muito diferente. O andamento… A falta de posicionamento também. Entre os profissionais é mais complicado estar lá na frente”, comentou Diogo Saleiro. É o choque normal de quem passa de júnior a sub-23 e vê-se envolvido em corridas com a elite, como acontece em Portugal, onde o calendário próprio para o escalão é escasso.

Não admira, por isso, que o principal objetivo para 2022 passe por “terminar as corridas”, como ambos dizem. No entanto, à medida que se forem adaptando, esperam que possam um dia disputar algo mais. “Há que ter confiança e ir para a frente”, diz, confiante, Diogo Saleiro. “Como é o primeiro ano [de sub-23] não temos muita pressão. Vamos adaptando-nos aos poucos”, acrescentou.

Gémeos no pelotão

Sérgio referiu que correr ao lado de um irmão gémeo faz com que não passem tão despercebidos no pelotão. E os Saleiro não enganam. Tal como os seus “antecessores” não é fácil distingui-los e até no discurso e opiniões são extremamente parecidos, além de uma notória boa disposição, ainda mais para quem ia ter uma difícil corrida pela frente.

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E tudo começou aos seis anos, sendo que aos sete já eram federados. Bastou uma corrida em Roriz e já não quiseram outra coisa. Conheciam os diretores da Associação Cultural e Recreativa de Roriz e foi assim que começaram a andar de bicicleta e a ver a paixão pelo ciclismo crescer.

“Começámos quando vimos a prova em Roriz, inscrevemo-nos e pronto”, resumiu Diogo Saleiro. Seguiu-se mais tarde o CC Barcelos e agora a ACDC Trofa no arranque da etapa de sub-23.

Ainda estão a conhecer as suas melhoras características, mas já estão bastante convictos no tipo de ciclista que podem vir a tornar-se: homens de clássicas. “Acho que sou bom em terrenos planos, em sprints em grupos restritos, em fugas e também em paralelos. Acho que sim, que sou homem de clássicas. Ainda sou novo, mas acho que sim”, referiu Diogo Saleiro.

Quanto a Sérgio: “Somos iguais. Sprinto um pouco melhor, mas também nos safamos em subidas longas e não muito inclinadas.” Portanto, parte do trabalho a realizar está nas subidas, onde sofreram o choque maior quando competiram pela primeira vez com os profissionais na Prova de Abertura Região de Aveiro. “As coisas vão ao sítio”, disse Diogo.

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Apostar na estrada, mas sem deixar a pista

Os gémeos Saleiro estão concentrados em evoluir, sem pressão, sem pânico por terem de enfrentar um pelotão tão competitivo. Querem dar os seus passos e nesses incluem a pista.

Somam títulos nacionais em cadetes e juniores e o selecionador Gabriel Mendes vai estando atento a Diogo e Sérgio. “Queremos apostar mais na estrada porque é o que dá mais futuro. Mas não descartamos a pista porque pode ser uma boa entrada para outras equipas e para o ciclismo internacional. “, considerou Sérgio. “A pista pode abrir outras portas”, reforçou Diogo.

Ambos são da opinião que uma formação na pista ajuda-os a serem ciclistas mais completos e, claro, evoluindo assim o potencial que têm de roladores.

Em cadete, Sérgio sagrou-se campeão nacional de scratch e perseguição por equipas. Nesta última competição, também o seu irmão ganhou, sendo ainda campeão na corrida por pontos, prova que conquistaria como junior, enquanto Sérgio, neste escalão, venceu na corrida de eliminação.

Apesar de quererem continuar a evoluir também na pista, reiteram rapidamente que o objetivo de carreira passa pela estrada. Os pais apoiam por completo o sonho dos gémeos. Diogo e Saleiro trabalham com eles na área do têxtil e garantem que têm liberdade para treinarem como precisam.

Não se resistiu em perguntar qual a equipa World Tour que mais gostariam de integrar: Quick-Step Alpha Vinyl é a resposta imediata dos dois. Nem é preciso perguntar porquê, não fosse esta uma equipa de clássicas por excelência. Porém, Sérgio acrescenta a Bora-Hansgrohe. “Porque teve o [Peter Sagan]”, mais uma referência do tipo de corridas que os gémeos tanto gostam.

Por isso mesmo, participar num Paris-Roubaix e Milano-Sanremo está no topo dos desejos. Mas também há grande voltas nos objetivos e aí Diogo e Sérgio finalmente diferem! O primeiro quer o Giro d’Italia. “Gosto de Itália, é um país bonito e gostava de ir lá”, disse. O segundo escolhe a Volta a França: “É a corrida mais conhecida do mundo”.

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Mas se tiverem de ir juntos a um Giro e a um Tour, não se importam nada, pois a união dos gémeos Saleiro pode muito bem ser uma arma para os levar longe no ciclismo.

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