Ainda a estimulante etapa do Tourmalet, na última 5ª feira. A quem é que passou despercebido o aparatoso (impressionante!) ataque de Tadej Pogacar a Jonas Vingegaard, que permitiu ao esloveno isolar-se e conquistar a etapa e ganhar 24 segundos (mais quatro de bonificação) ao grande e até ver único rival na luta pelo Tour?

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As imagens (no vídeo abaixo) do momento em que Pogacar desfere o golpe com que se adianta, num ápice, ao dinamarquês, são reveladoras da enorme potência que o líder da UAE Emirates exerceu sobre os pedais e deixa a perceção de que só com elevadíssimas forças implicadas e uma não menos duradoura resistência para mantê-la durante uma fração de tempo nunca inferior a um ou dois minutos se poderão produzir diferenças entre ambos. Apenas ao alcance… daqueles dois corredores!

Só com essa potência e resistência o atacante impedirá o atacado de recuperar a desvantagem acumulada nos primeiros segundos. Ou, então, só se este último entrar em nítida quebra após o ataque, como sucedeu na jornada da véspera, no Marie-Blanque, quando Vingegaard derrotou Pogacar por mais de um minuto.

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De resto, não surpreenderá que a força dos ataques com que os dois “extraterrestres” do Tour se “ofendem” não seria suportado por nenhum dos seus demais adversários nesta corrida – que, de qualquer modo, em condições normais, já terão ficado para trás “apenas” com o ritmo imprimido pelos gregários de luxo de ambos na montanha…

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Outra questão. Desde já em antevisão à muito aguardada etapa do Puy de Dôme, amanhã, domingo: prevê-se a mudança de postura dos dois grandes oponentes neste Tour. Até agora, Jonas Vingegaard, esteve sempre na ofensiva. Nas duas etapas de montanha, tanto na do Marie-Blanque, neste para aferir a condição física de Pogacar, o que resultou, e na do Tourmalet, para tentar obter mais proveitos da debilidade evidenciada pelo esloveno na véspera, aqui sem sucesso, o dinamarquês e a Jumbo-Visma estiveram ao ataque (ainda que na primeira etapa tenham beneficiado do esforço “generoso” da UAE Emirates durante grande parte da tirada).

A partir de agora, já com Vingegaard de amarelo, mesmo com uma vantagem escassa (25 segundos), o figurino, por lógica, mudará. Com a Jumbo no controlo e na proteção à liderança do chefe de fila, e a UAE Emirates a ter de partir para a ofensiva com o intuito de Pogacar recuperar o atraso e conquistar a desejada camisola.

Essa mudança de contexto na corrida permitirá avaliar se Pogacar, regressado à condição em que esteve grande parte da edição de 2022, terá, neste Tour 2023, a capacidade de dar a volta na classificação e bater Vingegaard, que não teve no ano transato. Por seu turno, o dinamarquês passa a uma posição em que se sente bastante mais confortável, a de não se expor ao desgaste, apoiar-se na sua competente equipa e ter “apenas” de responder aos ataques do adversário.

Esta perspetiva entronca no que se viu na etapa do Tourmalet, onde Pogacar atacou com êxito Vingegaard, que já se tinha exposto bastante, não apenas com dois ataques efetivos, mas principalmente ao imprimir o ritmo, crendo, de certa forma com demasiado otimismo, que o seu andamento bastaria para deixar o esloveno (outra vez) para trás.

Não aconteceu, e expondo-se durante tanto tempo, foi contra-atacado e não foi capaz de responder a contendo. Ainda que, reforce-se, Pogacar tivesse de recorrer a uma potência descomunal nessa manobra.

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Imagens: UAE Emirates e Jumbo-Visma Twitter          

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