Se nos últimos anos a UAE Team Emirates tem procurado reforçar-se com jovens talentos, nunca deixou passar a oportunidade de também contratar ciclistas com experiência. O dinheiro não é problema. Falta saber se não será um problema ter tantos corredores com perfil de líder.

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A equipa anunciou a contratação de Adam Yates até 2025. O britânico diz que era um convite irrecusável, numa altura em que sente que está a entrar nos melhores anos da sua carreira, ele que fez 30 no início de agosto. E não deverá querer passá-los como gregário. Nem de Tadej Pogacar, duas vezes vencedor da Volta a França e muito mais.

Foto: INEOS Grenadiers

Quando em 2021 Yates deixou a então Mitchelton-Scott – atual BikeExchange-Jayco – , o ciclista procurava uma estrutura que o ajudasse a chegar à tão ambicionada vitória numa grande volta. O seu irmão gémeo, Simon, já a tem (na Vuelta de 2018), mas Adam continua a não conseguir concretizar esse sonho.

Como britânico, a chegada à INEOS Grenadiers tanto foi vista como a equipa ter mais um líder do seu país, como também o concretizar de uma união adiada. Não aconteceu mais cedo porque os gémeos Yates preferiram rumar à equipa australiana nos primeiros anos como profissionais, recusando a então Sky.

Porém, também ficou desde logo a dúvida se Yates teria o espaço que queria para ser o líder indiscutível na INEOS Grenadiers. Na Mitchelton-Scott tinha, mas a equipa não tinha disponível tantos corredores de qualidade para o apoiarem.

Não se pode dizer que a sua passagem pela INEOS Grenadiers foi um fracasso. Mas não foi o que esperava. Ainda foi quarto na Vuelta de 2021, mas a equipa contava com Egan Bernal, até então o líder indiscutível.

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Yates terá recebido convites para juntar-se novamente ao irmão na BikeExchange-Jayco ou ir para a ProTeam B&B Hotels. E a INEOS Grenadiers também queria renovar. A opção recaiu na UAE Team Emirates, a equipa que financeiramente faz frente à toda poderosa estrutura britânica.

O que encontrará Adam Yates?

Na UAE Team Emirates, Tadej Pogacar é intocável. Juan Ayuso deixou uma poderosa mensagem na Vuelta ao ser terceiro na sua estreia numa grande volta. João Almeida foi contratado para ser o outro líder nas grandes voltas, além de Pogacar, mas…

Foto: Nico Vereecken/Sprint Cycling Agency/UAE Team Emirates

Nesta Volta a Espanha muito se falou de como o português pode ter começado como líder, mas Ayuso rapidamente mostrou que não estava lá para ficar a ajudar Almeida.

Foto: Spriny Cycling Agency/UAE Team Emirates

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Se Rafal Majka e George Bennett parecem estar mais confortáveis no seus papéis de gregários – ainda que o neozelandês espreite poder ainda ser algo mais em certas corridas -, além de Ayuso a querer afirmar-se como líder, há um Marc Soler que não se “prende” a nada, nem ninguém. Diego Ulissi também sempre foi um “espírito livre” na estrutura, desde os tempos da Lampre.

Vão chegar Felix Grossschartner (Bora-Hansgrohe) e Domen Novak (Bahrain-Victorious) que podem reforçar o lote de ciclistas de apoio, mas também poderão ter algumas ambições próprias, nem que seja para perseguir etapas ou corridas de uma semana. Algo que Tim Wellens (Lotto Soudal) terá como um dos seus objetivos.

E Jay Vine (Alpecin-Deceuninck) também estará a ser cobiçado pela equipa dos Emirados…

Plantel forte para lutar pelas classificações gerais

A UAE Team Emirates pode ter um plantel fortíssimo, num misto de juventude muito talentosa e alguma experiência (sempre essencial). A aposta no sprint vai ser reduzida, com a iminente saída de Fernando Gaviria, que poderá estar a caminho da Movistar. Juan Sebastián Molano, vencedor da última etapa da Vuelta, também continua sem renovar.

No entanto, começa a faltar o que outras grandes equipas fazem questão de ter bem assinalado: quem são os líderes e quem são os gregários.

Foto: Rafa Gomez/Sprint Cycling Agency/UAE Team Emirates

O que aconteceu na Vuelta já deveria ter servido de aviso. Acabou por não correr mal de todo ter Almeida e Ayuso a partilharem a liderança (quinto e terceiro lugar na geral). Contudo, não será fácil gerir egos se a equipa começar a ir para as corridas com mais que um ciclista como líder.

E há exemplos de como pode ser uma tática que pode correr mal. A Movistar que o diga com um famoso tridente que não resultou!

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Adam Yates será o quarto líder da UAE Team Emirates para uma grande volta, pois já ninguém se atreverá a dizer que Ayuso não o será – mesmo só tendo 20 anos -, pelo menos na corrida espanhola. Pogacar é… Pogacar e João Almeida mantém o seu estatuto intocável. Foi contratado para ser líder e demonstrou sê-lo com grande qualidade a temporada toda.

Pequeno senão para tantos líderes: só há três grandes voltas…

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Fotografia principal: UAE Team Emirates

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