Sonny Colbrelli colocou um ponto final à sua carreira em consequência de doença cardíaca súbita em meados de março deste ano. O corredor italiano, de 32 anos, anunciou a decisão no site da sua equipa, Bahrain-Victorious.

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Colbrelli sofreu uma arritmia cardíaca instável com necessidade de recurso a desfibrilador para suporte de vida, instantes após a 1.ª etapa da Volta à Catalunha, a 21 de março de 2022 – em que tinha sido segundo classificado.

Depois de se ter submetido a um implante de desfibrilador subcutâneo – à imagem do jogador de futebol Christian Eriksen -, Colbrelli tem-se desdobrado em tentativas de regressar à alta competição – sabe-se agora, em vão…

O corredor transalpino ainda admitiu retomar a atividade, mas estaria impedido pela legislação italiana (de 2017) de competir no seu país e por equipas nacionais – a situação que se deparou ao futebolista dinamarquês então no clube italiano Inter de Milão.

Colbrelli ainda ponderou recorrer à federação suíça, país onde reside, para solicitar a licença desportiva, mas a União Ciclista Internacional impôs decisão final contrária às pretensões do ciclista, fundamentando-a com a gravidade da doença de que este foi vítima.

“Depois do que aconteceu na Catalunha, a esperança de poder continuar a ser um ciclista profissional nunca me abandonou, ainda que mínima. Eu sabia que o caminho de regresso seria difícil com um desfibrilador implantado. Em Itália, não é permitido por lei.”

“Com o apoio da equipa médica da Bahrain-Victorious, chefiada pelo doutor Zaccaria, não desisti. Retomei o ciclismo sob estrita supervisão médica e fiz tive consultas com especialistas. Entre estes, o diretor da Clínica Universitária de Pádua, Prof. Corrado, que acompanhou o implante do desfibrilador”, começa por explicar.

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“Uma avaliação também foi feita por quem acompanhou casos semelhantes, como o do futebolista Christian Eriksen, que, assim como eu, tem desfibrilhador e retomou a carreira profissional. Mas ciclismo não é futebol. É um desporto diferente; nós andamos nas ruas. Não jogamos em campos de futebol, onde, em caso de necessidade, as intervenções da equipa médica podem ser decisivas. As atividades de treino acontecem numa área limitada, enquanto no caso de um ciclista, muitas vezes encontramo-nos sozinhos durante horas em estradas pouco movimentadas.”

E continuou: “Precisamente, é isto o que torna mais complicado tomar outro caminho para poder competir novamente. Remover o desfibrilador: admito que considerei. Mas, como mencionado, o ciclismo é diferente do futebol. Pelas razões apontadas, mas sobretudo pela intensidade do esforço. Mas, antes de tudo, remover o desfibrilador é contra a prática médica e significa remover um salva-vidas necessário como prevenção secundária.”

“Um risco muito alto. Um risco que não posso dar-me ao luxo de correr. Para mim, pela oportunidade que a vida, Deus em que acredito, me deu. Para Adelina, para Vittoria e para Tomaso. Para os meus pais.”

“Digo adeus ao ciclismo e tento fazê-lo com um sorriso pelo bem que me deu, mesmo que doa dizer adeus depois de uma temporada como a do ano passado. Esse foi o melhor da minha carreira. Aprendi o que a vida oferece e o que a vida leva. Mas também retribui de uma forma diferente.”

“Estou pronto para continuar tentando ser campeão, como na bicicleta. Vou ficar no ciclismo com a Bahrain, que tem estado perto de mim como uma segunda família e me acompanhará neste período de transição de ciclista para um novo papel que evoluirá diariamente. Serei um embaixador para os nossos parceiros, trabalharei em estreita colaboração com o grupo de desempenho e compartilharei minha experiência com meus colegas de equipa.”

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“Novos desafios esperam-me e, com coragem, preparo-me para enfrentá-los. Quero fazer isso com um sorriso no rosto. Continuar a ser feliz em cada passeio que farei, mesmo que seja apenas por diversão e não mais por competição”, conclui a mensagem de Sonny Colbrelli no site da Bahrain-Victorious.

Com 34 vitórias em 12 anos de profissionalismo, Colbrelli tem como conquistas mais importantes na carreira a clássica-monumento Paris-Roubaix, em 3 de outubro 2021 e os títulos de campeão de Itália e da Europa de fundo nesse mesmo ano.

Fotografia principal: @Sprintcycling / @TeamBahrainVictorious

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