Para encontrar a pressão dos pneus mais indicada para o BTT que praticamos, pode não ser suficiente seguir as indicações dadas pelo fabricante e que encontramos na lateral do pneu.

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É verdade que convém andar dentro desses valores, mas o que mais importa é enchermos os pneus na dose mais adequada ao nosso gosto, ao terrenos em que andamos e ao peso que temos.

Ou seja, existem vários fatores que condicionam a pressão dos pneus, pelo que vamos falar de cinco aspetos que qualquer BTTista deve ficar a saber sobre o assunto…

Pressão dos pneus recomendada

Todos os pneus têm inscritas recomendações de enchimento, para que o pneu não sofra deformações, rebentamentos devido ao excesso de pressão ou acidentes por enchimento a menos. As unidades de medida que podemos encontrar são:

  • BAR (do grego Báros): unidade de pressão que é praticamente equivalente uma atmosfera terreste (1 ATM). Isto significa que um pneu cheio a 2,0 BAR tem uma pressão de ar contido de aproximadamente 2,0 atmosferas ou 2 ATM.
  • PSI (Pounds Square Inch): unidade de pressão do sistema anglo-saxão em que uma atmosfera equivale, aproximadamente, a 14,5 ou 15 PSI. Deste modo, um pneu cheio a 2,0 BAR é equivalente a 29 ou 30 PSI.

Pressões segundo o uso e o utilizador

Vejamos então os cinco pontos a ter em conta sobre a pressão dos pneus mais adequada. Esta pode depender do estado do terreno, do tipo de BTT que praticamos, das características do ciclista, etc.

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1. Estado do terreno:

  • Seco: se o terreno estiver seco e duro, um pneu com uma pressão alta será melhor, tornando-o mais rolante. Se o terreno, ainda que seco, for técnico, com terra e pedras soltas, é recomendado não levar uma pressão excessiva, já que perderá aderência e tração.
  • Húmido: Tanto se circula por zonas de lama, como por pedras ou raízes, menores pressões serão melhores. O progresso diminui (especialmente em terra) mas a aderência aumenta.

2. Tipo de BTT praticado

  • Estradões firmes e em bom estado (terrenos pouco técnicos): nestes terrenos não perdemos tração nem conforto se subirmos um pouco a pressão. Por outro lado, conseguimos uma capacidade mais alta para rolar, há menos atrito.
  • Trilhos com pedras e/ou acidentados (terrenos mais técnicos): aqui, uma pressão mais elevada torna a nossa bicicleta “ingovernável”. Não a conseguimos controlar, perdemos tração e aderência com facilidade. Diminuir a pressão será mais recomendável, até porque assim aumentamos o conforto.

3. Características do ciclista

Neste ponto olhamos principalmente para o peso do ciclista, pois não é a mesma coisa termos 50 ou 1000 kg. Temos de ajustar a pressão dos pneus ao peso do ciclista somado ao peso da bicicleta:

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  • 50 kg: 1,2 a 1,7 (XC e trail) / 1,5 (enduro) / 1,5 (downhill)
  • 60 kg: 1,5 a 1,9 (XC e trail) / 1,8 (enduro) / 1,7 (downhill)
  • 70 kg: 2,0 a 2,4 (XC e trail) / 2,0 (enduro) / 1,9 (downhill)
  • 80 kg: 2,5 a 2,9 (XC e trail) / 2,5 (enduro) /  2,3 (downhill)
  • 90 kg: 3,0 a 3,5 (XC e trail) / 3,0 (enduro) / 2,75 (downhill)
  • 100 kg: 3,5 a 4,0 (XC e trail) / 3,5 (enduro) / 3,2 (downhill)

Nota: no e-BTT, o peso mais levado da bicicleta deve ser tido em conta na verificação da pressão dos pneus.

4. Características dos pneus

De acordo com a construção do pneu, existem “regras” a seguir e que não estão escritas na lateral:

  • Pneu da frente e traseiro: o pneu da frente leva menos pressão porque recebe sempre o primeiro impacto com o terreno, controla a direção da bicicleta e não suporta a maior parte do nosso peso (o traseiro é que suporta). Assim, o pneu traseiro é que deve ir mais cheio, até porque irá pesar menos.
  • Largura do pneu: pneus estreitos exigem mais pressão que os mais largos, para manterem a consistência e evitarem entalar uma eventual câmara de ar no interior. Também temos de ter em conta que um pneu abaixo de 2,00 ou 1,90 pode ser específico para XC e poderá gerar mais resistência em caso de pressão elevada.
  • Pneus standard (com câmara de ar): é recomendável não levar pressões excessivamente baixas, já que é possível que a câmara de ar seja trilhada ou entalada dentro do pneu.
  • Pneus tubeless (UST) e tubeless ready (TLR): como estes pneus são reforçados e não levam câmara de ar, podemos levá-los com a pressão mínima que o fabricante permite, já que não há o risco de a câmara seja trilhada. Estes tipos de pneus permitem, neste aspeto, maiores possibilidades de ajuste da pressão em função das nossas preferência e utilização da bicicleta.
  • Pneus tubulares: outro sistema que suporta pressões baixas. Inclusive, a máxima recomendada pelos fabricantes é inferior a outros tipos de pneus (rondam os 3 bar de pressão máxima, enquanto os pneus tubeless ou standard estão nos 4-5 bar). A maior superfície de apoio do pneu na jante faz com que uma baixa pressão não deforme as laterais.

5. Sintomas de uma pressão errada

Acreditamos que melhor maneira de acertas na pressão dos pneus é ir experimentando diferentes pressões e fazendo ajustes mínimos. Não nos referimos a mexer na pressão todos os dias, mas sim irmos experimentando entre voltas até acertarmos na dose que mais nos agrada e resulta.

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As pressões dos pneus recomendadas pelos fabricantes, por norma, são elevadas demais; é por isso que preferimos ir pela intuição e pelas sensações. Por fim, aqui ficam alguns sinais de que estamos a andar com a pressão menos adequada:

  • Pressão demasiado baixa:
    • Maior probabilidade de o pneu sofrer algum contratempo e/ou de a câmara de ar ser trilhada ou entalada dentro do pneu.
    • Perda de eficiência na pedalada, maior atrito.
    • Perda de controlo nas travagens e possível sensação de insegurança nas curvas.
  • Pressão demasiada alta:
    • A bicicleta pode tornar-se menos ómoda e ficar mais “saltitante”. Perda de tração.
    • Diminuição do controlo curvas e tração/aderência comprometida.
    • Maior probabilidade de o pneu rebentar (apesar de tal ser muito raro acontecer).

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Artigo redigido por José Escotto e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.

 

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