Quando as e-bikes começaram a aparecer nos catálogos de bicicletas de BTT, a maior parte das baterias instaladas nesses modelos apresentavam capacidades de 300 a 400 Wh. Era essa a “medida” para a autonomia das e-bikes.

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Naquela altura, o perfil do consumidor de bicicletas elétricas era ligeiramente diferente do de hoje, já que as e-BTT eram mais direcionadas aos ciclistas com uma capacidade física menos capaz e que queriam fazer os seus percursos habituais com amigos com um pouco de ajuda extra…

Hoje, esse perfil é diferente: o ciclista menos preparado fisicamente continua a procurar essas bicicletas, mas também há aqueles que buscam um tipo de ciclismo ciclismo diferente. Uma prática em que os kms, as horas, as subidas mais íngremes ou a complexidade de certos caminhos não se tornem impedimentos.

Esta lógica tem “moldado” a ação dos fabricantes de motores para e-bikes em torno de dois aspectos: o aumento constante da potência dos motores e o aumento da capacidade das baterias.

Exemplo: imagine-se uma e-BTT com um motor Shimano EP8 que se destaca com potência mais do que suficiente: 85 Nm. No entanto, a bateria instalada é de 504 Wh. Como perceber se a autonomia destas e-bikes será suficiente para as nossas voltas habituais? Se quisermos fazer BTT ao mais alto nível conseguiremos regressar a casa ainda com carga?

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Calcular a autonomia das e-bikes

A maioria dos fabricantes fazem referência à autonomia dos motores com base numa utilização mínima das capacidades destes; ou seja, em modos de funcionamento económicos e/ou em voltas por caminhos com pouco desnível. São divulgadas autonomias máximas, algo que fica bonito nas fichas técnicas, mas que normalmente é irrealista.

Saber com exatidão que autonomia tem a bateria da tua bicicleta elétrica é complicado: não vais andar sempre pelos mesmos caminhos, nem vais estar sempre no mesmo estado de forma, por isso alguns dias utilizarás mais o motor do que noutros, diminuindo e aumentando a autonomia da bateria.

Mas a capacidade desta tem origem na relação entre a voltagem e a amperagem da mesma: a maioria tem uma voltagem (capacidade ou potência para fornecer energia) de 36 v (algumas, poucas, têm 48 v) e a amperagem é a taxa sob a qual essa eletricidade pode ser fornecid. É medida em ampere/hora (Ah).

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Teoricamente falando, e para que fiques atento ao consumo de um motor, uma unidade com 250 w de potência gastaria 250 w ao longo de uma hora de utilização se formos continuamente a extrair todo o seu potencial máximo. Portanto, uma bateria de 500 Wh duraria duas horas de funcionamento, e ito também se seguissemos “a fundo” no que toca à assistência do motor (o que não acontece de forma contínua).

  • Voltagem (V) * Amperagem (Ah) = Capacidade da bateria (Wh)
  • Exemplo com base na bateria Powertube 625 da Bosch: 36 V * 16.7 Ah (dados do fabricante) = 601.2 Wh

Por outro lado, recordamos que muitos grupos de motorização, para preservar a bateria, não permitem o uso completo da capacidade de uma bateria. Os sistemas de gestão de bateria normalmente limitam o uso da mesma a 80% da capacidade…

A última consideração a ter em conta sobre este assunto, e com o objetivo de ficarmos a conhecer a autonomia das e-bikes, é que, normalmente e em percursos de média intensidade, o uso do motor costuma representar 50% da volta total.

Se fazes muita montanha, precisarás de mais potência a subir, mas a descer já não tanto. Nesse sentido, este cálculo talvez possa dar uma ajuda:

  • Capacidade da bateria (Wh) * 80% / Potência do motor (250 W) * 2 (metade do uso que referimos) = Autonomia em horas.

Por exemplo com base numa bateria de 504 Wh de e-BTT: 504 Wh * 80% = 403.20 Wh utéis. Dividindo por 250 w de potência máxima (= 1.61 horas) e multiplicamos por 2 (= 3.23 horas). O resultado são três horas e 13 minutos. Não será um exagero fazermos médias de 15 ou 20 km/hora de velocidade, então com estes últimos dados poderás saber a autonomia em kms, na prática.

Todas estas informações e contas são asumidamente teórica e variáveis, contudo. É importante termos esta noção. Ainda assim, desta forma pode tornar-se fácil ficarmos com umas “luzes” do que cada unidade pode aguentar. Especialmente se procurarmos uma e-bike mais antiga, usada, e que traga uma bateria de 400 Wh.

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Assistente de autonomia Bosch e Turbo Range Calculator da Specialized

Existem duas calculadoras de autonomia bastante fiáveis (haverá muitos mais, mas referimos aqui apenas estes dois: o Assistente de Autonomia da Bosch e o Turbo Range Calculator da Specialized.

É certo que estes sistemas estão focados nos próprios motores das respetivas marcas, mas podem servir de referência. Espreita estas simulações que fizemos e os respetivos resultados:

Bosch Performance Line CX com bateria Powertube de 500 Wh:

  • Modo selecionado: eMTB.
  • Tipo de utilização da bicicleta: montanha.
  • Velocidade média: 20 km/hora.
  • Peso do conjunto ciclista + bicicleta: 100 kg.
  • Autonomia aproximada: 69 km.

Bosch Performance Line CX com bateria Powertube de 625 Wh:

  • Modo selecionado: eMTB.
  • Tipo de utilização da bicicleta: montanha.
  • Velocidade média: 20 km/hora.
  • Peso do conjunto ciclista + bicicleta: 100 kg.
  • Autonomia aproximada: 87 km.

Specialized 2.1 com bateria de 700 Wh:

  • Modo selecionado: Sport.
  • Utiliação da bicicleta: montanha.
  • Velocidade média: 20 km/hora.
  • Peso do conjunto ciclista + bicicleta: 100 kg.
  • Autonomia aproximada: 83 km

Specialized SL 1.1 com bateria de 320 Wh:

  • Modo selecionado: Sport.
  • Utiliação da bicicleta: montanha.
  • Velocidade média: 20 km/hora.
  • Peso do conjunto ciclista + bicicleta: 100 kg.
  • Autonomia aproximada: 55 km.

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