Quando o dia começa com uma subida nas Penhas Douradas, não é de esperar que quem quer defender uma camisola amarela, na última etapa, de uma corrida como a Volta a Portugal do Futuro, pense que terá vida fácil. Quando nessa subida está uma ventania que deixou os ciclistas com muitas (mas mesmo muitas) dificuldades em manter a bicicleta direita, então seria de dizer: que sofrimento! Porém, para Gabriel Rojas e para a “sua” Essax, acabou por ser uma ajuda para garantir a vitória final na Volta a Portugal do Futuro 2022.

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O ciclista da Costa Rica havia dito no sábado, quando assumiu a liderança após vencer na Serra do Macário, que só ficaria tranquilo quando cortasse a meta em Castelo Branco, este domingo. Eram só 11 e 13 segundos de vantagem sobre Hélder Gonçalves (Kelly/Simoldes/UDO) e David Delgado (Bicicletas Rodríguez Extremadura), respetivamente. Com o vento a dificultar ataques, a Essax foi controlando os poucos que se afoitavam a enfrentar o vento.

“Na primeira subida havia um vento incrível. Mas assim não houve tantas fugas. Tive equipa para as neutralizar. O vento foi meu amigo”, salientou um muito feliz Gabriel Rojas, quando finalmente ficou tranquilo, depois de cortar a meta. Houve um profundo agradecimento e elogio aos companheiros que o ajudaram, pois todos estiveram de estar atentos a movimentações potencialmente perigosas. Mas os “sustos” acabaram por ser escassos.

A etapa ficou marcada pela fuga de Afonso Silva e António Ferreira, ambos da Kelly/Simoldes/UDO. Mas Rojas controlou Hélder Gonçalves, esse sim, um risco à liderança. Na Serra da Gardunha, já aos 111,8 quilómetros dos 150,7 da última etapa, que começou em Gouveia, também não houve particular preocupação. A Essax estava decidida em conquistar a mais importante corrida portuguesa do escalão sub-23.

Afonso Silva acabaria a pedalar sozinho vários quilómetros, até que se juntou brevemente Rodrigo Caixas (LA Alumínios-Credibom-Marcos Car). Mas dentro dos 20 quilómetros finais ficava claro que se a amarela era de Rojas, a vitória de etapa era o objetivo de quase todas as restantes equipas.

Sprint em Castelo Branco? Parecia que assim seria. Mas não! Surpresa no final. O que aparentava ser uma tentativa infrutífera Raul Casalderrey (Supermercados Froiz) nos derradeiros 10 quilómetros, acabou por ser um risco que compensou. O pelotão não se entendeu na perseguição e o espanhol fez a festa, cortando a meta com oito segundos de vantagem.

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Contas finais

Quatro etapas, quatro vencedores diferentes: Pedro Silva (Glassdrive/Q8/Anicolor) ganhou em Abrantes, Francisco Pereira (ABTF Betão-Feirense) em Águeda, Gabriel Rojas (Essax) na Serra de São Macário e, para terminar, Raul Casalderrey (Supermercados Froiz) em Castelo Branco.

Rojas ficou com a camisola amarela, com 11 segundos sobre Gonçalves e 12 sobre Delgado (bonificou numa meta volante). Mas garantiu ainda a azul da montanha, com um ponto apenas de vantagem sobre Daniel Dias (Kelly/Simoldes/UDO).

A camisola verde dos pontos ficou para Pedro Silva (Glassdrive/Q8/Anicolor), enquanto a branca da juventude (ciclistas nascidos a partir de 1 de janeiro de 2002) foi conquistada por Alexandre Montez (LA Alumínios-Credibom-Marcos Car). Por equipas venceu a espanhola Bicicletas Rodríguez Extremadura, que contou nesta corrida com dois ciclistas portugueses: Tomás Martins e Tiago Lopes.

Como curiosidade, de referir que há quatro edições que um ciclista estrangeiro não vencia a Volta a Portugal do Futuro. O último havia sido o colombiano Wilson Rodriguez, em 2016. José Neves, Venceslau Fernandes, Emanuel Duarte e André Domingues alimentavam uma senda portuguesa agora interrompida por um ciclista que veio da Costa Rica com o sonho de singrar na modalidade e que em Portugal conquistou o seu primeiro triunfo na Europa.

Já conta com algumas vitórias, nos Jogos Pan-Americanos e corridas no seu país, incluindo um título de campeão nacional de contrarrelógio de sub-23. Mas quer mais, muito mais. Não percas nesta semana que vem uma entrevista com Gabriel Rojas aqui no GoRide.pt!

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Fotos: João Calado/Podium Events

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