Jai Hindley “improvisou” neste Tour 2023 para se meter na fuga e esta tornou-se infernal para a UAE Emirates, que perseguiu toda a etapa em grande desgaste, sem sucesso, e depois caiu na esparrela de querer encurtar a desvantagem em poucos kms no Marie Blanque… E evidente a forma como os gregários de Tadej Pogacar rebentaram como castanhas, incluindo o esloveno e o seu joker de camisola amarela Adam Yates.

PUB
Nova Trek Supercaliber

Hindley fez o que lhe competia: provar que era o mais forte do grupo em fuga e vencer a etapa, mas com a vantagem que este ainda tinha para o grupo dos outros candidatos, o australiano, vencedor do Giro 2022, tornou-se líder deste Tour, e mais: pode intrometer-se na luta pela vitória final, que até agora parecia exclusiva a Vingeggard e Pogacar.

PUB
Orbea Genius Dealers

Não é certo que o chefe de fila da Bora-Hansgrohe seja capaz de lutar pela camisola amarela até Paris, mas com aquele triunfo numa grande volta no currículo não se poderá descartá-lo, ainda que Jonas Vingegaard tenha mostrado nesta primeira etapa dos Pirenéus que está ao nível do seu sucesso no Tour em 2022. Ou seja, é o melhor voltista do mundo.

PUB
Giant TCR 2024

Exibiu-o perante o arquirrival e até agora único oponente ao objetivo final, Pogacar, que vergou a um ataque fulminante na fase final terrível do Col de Marie Blanque, onde se faz um autêntico teste do algodão. E o esloveno não esteve à altura. Quiçá a preparação deficiente, quiçá Vingegaard seja o mais forte, tal como mostrou na edição do ano passado. E nem precise de montanhas muito extensas, apenas de atacar. E como o próprio disse no final esta etapa, quase se sente bem, ataca!

E o que dizer da iniciativa e do desempenho de Wout van Aert? Que fez o que lhe foi delegado: entrar em fuga e pressionar a UAE Emirates na perseguição. E o belga fê-lo ao seu melhor nível ou não tivesse contribuído sobremaneira para o avanço da fuga ter atingido mais de 4 minutos, apesar do intenso esforço daquela equipa, e pagou-o bem!

Van Aert não ganhou a etapa, e quem pensaria que a vencesse, com os últimos 4 km de uma subida como a do Marie Blanque para superar? Só puros trepadores, como se viu: nos fugitivos apenas Hindley (que é mais do que isso), Ciccone, Gall, Buchmann e já mais atrás Skjelmose, Martinez, Haig e Madouas. Mas Van Aert cumpriu a sua missão a preceito. Como é óbvio! E ainda deu algumas explicações aos mais desatentos…

PUB
Beeq

“Infelizmente, tanto eu como o Benoot [que também esteve na fuga] não pudemos ajudar muito na última subida devido ao ritmo infernal do grupo de favoritos. Mas conseguimos pressionar as outras equipas durante toda a etapa e isso foi bom para prepararmos o ataque de Jonas.

“A vantagem que Vingagaard conseguiu para Pogacar é muito mais do que a que esperávamos. Mas é preciso ter cuidado para não olhar apenas para Pogacar, porque é Jai Hindley quem tem a camisola amarela. Apesar de tudo, é um dia muito bom para a equipa”.

Era o plano causar tanto dano nesta etapa? “Na verdade, não. Não sei porquê, mas quando a UAE Emirates tem de controlar o início da etapa, é um caos. Eles nunca estão atentos e no local correto no pelotão. Por isso, um grupo grande conseguiu escapar. De minha parte, não ia conseguir fazer as subidas com trepadores como Hindley ou Ciccone. Preferi atacar para tentar cansá-los. Esse era o nosso objetivo com Tiesj Benoot ao integrarmos o grupo em fuga”. Simples.

A seguir ficam mais “explicações” dos principais protagonistas desta etapa espetacular. E esta quinta-feira teremos Aspin, Tourmalet… Que Pogacar consiga recuperar deste golpe atordoador de Vingagaard (e de Hindley), senão corre o risco de ficar fora de combate ao segundo “round”.

Jai Hindley

“Entrar na fuga não era o nosso plano, apenas improvisei para tentar fazer uma boa etapa”, começou por dizer Hindley no final. “Quando me deparei em fuga disse para mim próprio que iria dar o máximo para tentar ganhar tempo na classificação geral”, continua o australiano.

“Então, quando ataquei pensei na vitória na etapa, mas no final fiquei também com a camisola amarela, o que é soberbo! Todos os corredores sonham com este momento, vencer uma etapa no Tour, vestir a camisola amarela. Acompanho o Tour desde os meus seis anos, o que consegui é quase inimaginável”, declarou o ciclista da Bora-Hansgrohe.

E agora, com a amarela? “Estou no meu primeiro Tour, por isso é difícil ter ambições muito grandes. Apesar de tudo, ainda vim para ser competitivo”, afirmou o novo líder da classificação geral.

Jonas Vingegaard

“Queríamos alguém na fuga. Tivemos dois, por isso podemos concluir que a equipa fez um ótimo trabalho. Não precisávamos passar na frente do pelotão, o que obviamente foi bom para nós. Na última subida senti-me bem e disse ao Sepp Kuss para acelerar e meter um ritmo forte. Depois, pude fazer o ataque”, referiu.

“Não sabia que Pogacar estava a passar mal… Simplesmente, senti-me bem e ataquei. Quando me sinto bem, ataco. Não sei o aconteceu a Pogacar, só ele poderá dizer. Mas conheço Tadej e sei que nunca desiste, por isso vai ser uma luta até Paris”.

Tadej Pogacar

“Foi uma corrida difícil, mas estou especialmente triste em saber que a minha namorada caiu no Giro Feminino. Este facto é mais importante para mim do que perder um minuto para Jonas”, disse o esloveno.

“Quando começou a acelerar com o Sepp Kuss, percebi que iria atacar. Nos últimos dois kms da subida não consegui acompanhá-lo, ele estava mais forte do que eu. Sinto-me muito bem e espero ter pernas melhores amanhã [quinta-feira], que vai ser uma etapa difícil”.

Lê também:

Tour 2023 – 5ª Etapa: Hindley vence… Pogacar perde… [com vídeo]

Imagens: Tour de France, Bora-Hansgrohe e Jumbo-Visma Twitter

Também vais gostar destes!