O motivo de passarmos frio a andar de bicicleta está em parte relacionado com a velocidade que normalmente levamos, que atua como um agente de arrefecimento. Além do frio, a chuva ou a simples humidade podem ajudar a transformar uma volta tranquila num verdadeiro suplício. E ninguém gosta disso, certo?

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Mas também não poderá ser o mau tempo a impedir-nos de sair e de praticarmos o nosso desporto favorito juntamente com a nossa “companheira” de estrada.

Assim, e antes que o Inverno se despeça, aqui ficam algumas dicas para aguentar o frio e a chuva a andar de bicicleta. Sob o nosso ponto de vista, claro. Quatro são recomendações, seis são truques para minimizar o desconforto.

A sensação térmica

Antes disso, falar de um dos fundamentos desta “teoria”, a sensação térmica, que no ciclismo tem muita influência. Em teoria, num dia sem vento, com uma temperatura ambiente de 10 graus e andando a uma velocidade de 40 km/hora, a sensação térmica é de -1ºC. Isto deve-se à relação entre a temperatura ambiente e a velocidade do ar que é gerado pelo nosso movimento.

O nosso corpo tem normalmente de manter-se a 37ºC, tendo capacidade para adaptar-se às oscilações da temperatura exterior. Mas tudo dentro de determinados limites e colocando em marcha uma série de mecanismos para aquecer, ativando os músculos (ao tremer, por exemplo). Forma-se uma camada fina de ar quente à volta do corpo, gerada pela pele, mas que o vento (e o ar da deslocação) tende a destruir, fazendo-nos sentir frio.

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Ou seja: quando há vento, sentes mais frio do que quando não está, embora a temperatura seja a mesma. Se a esta situação adicionarmos ainda a chuva, a nossa merecida jornada ciclista pode-se transformar-se num pesadelo…

4 recomendações para combater o frio

Antes de sairmos num dia em que sabemos que vai estar frio e que pode mesmo chover, o mais importante será estarmos mentalizados para o que vamos encontrar:

1. Usar várias camadas de roupa

Se sabemos de antemão que durante a nossa volta vamos enfrentar diferentes condições, o mais recomendado é sair com várias camadas de roupa em vez de levarmos uma única peça mais grossa.

Desta maneira, podemos ir tirando peças à medida que vamos sentindo essa necessidade, e caso ela surja. Além disso, a fina “cpa” de ar que se cria entre as diferentes camadas de roupa pode servir de isolante.

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2. Levar o impermeável

O maior inimigo do ciclista quando faz frio é a chuva. Um impermeável, como qualquer outra peça de ciclismo, aliás, deve ter uma dupla função: além de nos proteger da chuva, deve conseguir expulsar o calor que geramos durante o exercício.

Manter o corpo sem “respiração”/ventilação dentro da roupa é o pior que pode acontecer durante o esforço, já que pode causar desidratação e perda de rendimento. Ou seja, o impermeável deve ter a dose certa de ventilação.

3. Proteger mãos e pés

Um problema pode ser a perda de controlo da bicicleta por causa do frio. Não perdemos os reflexos, claro, mas sim a capacidade de reação muscular imediata, que vai diminuindo.

Devemos por isso ter as mãos bem protegidas. Para o frio seco podemos usar uma das muitas opções de luvas que encontramos nas lojas. Contudo, com chuva “ao barulho” o melhor é perder o amor ao dinheiro e comprar um modelo que seja efetivamente resistente à chuva.

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Para os pés, além de utilizarmos uns bons sapatos de inverno, o uso das típicas capas para sapatos é eficaz. Em tempos comprámos cinco modelos bastante capazes, está aqui o link.

4. Proteger a cabeça

Diz-se que é pela cabeça que começamos a perder o calor corporal (até cerca de 40%, segundo informam alguns sites) e a verdade é que a sensação térmica depende muito de como protegemos a nossa cabeça.

Temos os clássicos gorros ou a já conhecida capa para o capacete, que cobrem as aberturas e evitam a entrada de ar e da chuva. Outra alternativa (a andar de bicicleta de estrada) é a utilização de capacetes de um tipo mais aero, que são mais fechados. O reverso da medalha é que a ventilação da cabeça passa a ser menos efetiva.

Também devemos usar óculos, mesmo que não faça sol, porque o ar frio, em contacto direto com os olhos, pode causar irritações.

6 conselhos para aguentar/evitar o frio

1. Mudar a hora das saídas para andar de bicicleta

Se esta frio e a chover à hora e no dia habituais, porque não mudar os planos? Com frio apenas, uma boa hora é precisamente a meio do dia, quando a luz do sol ajuda a aquecer, aumentando a motivação. Com mais luz natural aumenta a visibilidade e a segurança nos dias nublados ou chuvosos.

2. Evitar usar tamanhos (demasiado) grandes

Tamanhos de roupa e equipamentos, diga-se. Quanto mais justa a roupa, melhor, pois ajuda a combater o vento. E que não seja muito grossa, é preferível levar duas peças: quando sentirmos calor, despimos uma e guardamos no bolso a outra.

3. Usar manguitos ou perneiras ao início

Nos primeiros kms da volta podemos recorrer a manguitos ou perneiras para combater o frio (especialmente nos joelhos) e ir mantendo a temperatura.

4. Fazer exercícios com as mãos

Com mãos frias durante demasiado tempo, o ideal é mudar com alguma frequência a posição no guiador e fazer pequenos exercícios com elas (abrir e fechar, por exemplo). Isto também ajuda a expulsar a água das luvas.

5. Manter uma boa cadência

Uma boa forma de as pernas lutarem contra o frio e manterem a tonificação muscular é manter uma boa cadência de pedalada. Além de ser algo importante ao nível da performance, também ajuda na tentativa de manter a temperatura constante.

6. Nunca parar!

Contra a hipotermia, continuar a andar! Ok, estamos a exagerar… Mas existe efetivamente o risco de um atleta entrar em hipotermia nuam situação extrema de frio e chuva.

Esta acontece quando a temperatura central do nosso corpo começa a descer mais do que é normal, consequência de uma combinação de fadiga, humidade e vento.

Em algumas provas de trail running acima com mais de 30 km, por exemplo, é normal a organização obrigar cada atleta a transportar consigo uma pequena manta termica própria para o efeito, precisamente para prevenir situações deste género…

No ciclismo não é tão normal este item andar connosco, mas há risco de hipotermia. Imagine-se que está muito frio, bastante chuva e temos o azar de cair e não conseguimos continuar a andar de bicicleta ou sequer a mexer o corpo…

Por isso, o melhor que podemos fazer quando o frio e a chuva chegam a níveis extremos é tentar seguir em frente e continuar a andar, procurando sempre ter o vento nas nossas costas. Quando chegarmos a casa em segurança depois logo tomamos as medidas necessárias para voltarmos a aquecer.

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Fotos: Spiuk // La Vuelta // EWS


Artigo redigido por José Escotto e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.

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