Dado o aumento notório e recente na procura de bicicletas, tanto de estrada como para andar nos trilhos, será que podemos concluir que o ciclismo é um dos desportos mais praticados em Portugal? E como anda a prática de BTT em particular?

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Não temos dados oficiais que nos confirmem estas constatações, mas é certo que notamos uma quantidade maior de praticantes. Especialmente no BTT. E o que temos notado também é alguma falta de respeito nos trilhos, a vários níveis, talvez fruto de existirem hoje muitos iniciantes neste nosso desporto preferido…

E isto leva-nos a enumerar aqui vários pontos que consideramos essenciais para a prática de BTT “como deve ser” e em harmonia com os outros praticantes, com as regras instauradas, com o meio ambiente… Vejamos quais são estes quatro pontos principais, em nosso entender.

1. Respeito pelos outros praticantes

Não é preciso existirem regras e leis rígidas, certo? É tudo uma questão de bom senso nos trilhos… Devemos respeitar em primeiro lugar os animais que nos apareçam ao caminho (fauna, gado, pessoas a cavalo…) e, logo a seguir, pessoas que estejam a caminhar (caminhadas, trekking, corrida tipo trail running…).

A própria IMBA (International Mountain Biking Association) tem estas normas no seu código de conduta, firmando que em cima da bicicleta somos o último elo da cadeia: devemos respeitar e ceder a passagem. Mas cada vez é mais frequente vermos o contrário no comportamento de muitos BTTistas, infelizmente…

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Em muitas ocasiões não somos respeitadores e passamos a ser um incómodo para outros utilizadores dos trilhos. Exemplo: se num trilho com pouco mais de 50 cm de largura estiverem vários ciclistas, três pessoas a cavalo e quatro caminheiros, gera-se aqui uma complicação que só se ultrapassa cedendo passagem e havendo educação e bom senso. Temos de parar e esperar a nossa vez de passar!

Outros dois pontos que temos de ter em conta estão relacionados, primeiro, com o facto de as autoridades poderem multar-nos caso não estejamos a cumprir o código da estrada nos trilhos. Também neles vigoram estas regras de trânsito, pois não nos podemos esquecer que conduzimos um veículo.

Segundo, a questão de podermos ou não passar em certos trilhos. Se existir sinalização a indicar que nesse caminho não é autorizada a passagem de bicicletas, temos de acatar a regra.

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O que podemos fazer nos trilhos:

  • Respeitar os outros utilizadores: a educação e as boas maneiras somam sempre pontos a nosso favor. Diminuir a velocidade perante outros utilizadores, ainda que estejamos em plena descida, por exemplo.
  • Planear as voltas: sabendo de antemão quais os caminhos por onde vamos andar, podemos organizar-nos com o nosso grupo e seguir todas as regras que possam eventualmente limitar a circulação algures.

2. Respeito pelo meio ambiente

Existe alguma razão para maltratarmos o meio ambiente que serve de base à prática deste desporto? Certamente que não. E há muita coisa que vemos acontecer nos trilhos e que repudiamos viemente. Exemplos do que se vê cada vez mais:

  • Cada vez mais lixo: embalagens de gel e barras, bidons de água, câmaras de ar usadas… Quase parece mentira, mas é um facto que vamos encontrando estas coisas pelos trilhos. Deixar lixo nos trilhos é imperdoável! Não há desculpa, mesmo que estejamos numa prova.

  • É estritamente proibido alterar o meio ambiente: não somos donos dos trilhos (a menos que eles estejam em propriedades que nos pertencem). Por isso não podemos nem devemos alterar os caminhos de forma alguma, pois não se pode alterar o equilíbrio que pode existir na natureza. Se constróis trilhos, certifica-te que o fazes sem danificar o meio ambiente e com a devida autorização dos donos dos terrenos.

  • Também não devemos perturbar a fauna: não há razão para perturbarmos os animais que vivem nos trilhos em que passamos e nas “redondezas”. Mais: já que a bicicleta é um meio de transporte silencioso, não devemos até fazer mais barulho do que a conta ao passarmos por ali.

3. Respeito pelas normas

Devemos respeitar todas as indicações que existirem nos trilhos e caminhos. Se existir uma proibição, é melhor respeitá-la. Se entramos numa propriedade privada onde há uma cerca para o gado, deixemo-la fechada. E se a encontrarmos aberta, então fechemo-la na mesma. Normalmente, qualquer proibição expressa para não entrarmos num terreno privado tem de estar sinalizada.

Há ainda a questão da caça. Podemos ou não ser a favor da mesma, mas isso não significa que não devemos respeitar as regras existentes em relação ao assunto.

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Devemos ter uma noção mínima dos períodos de caça que existem nas zonas onde andamos de bicicleta (normalmente, a caça pode ser praticada aos domingos, feriados e 5ªs feiras) e dos perigos que podem existir nesses locais nessas alturas.

4. Denunciar o que está mal!

Devemos denunciar tudo o que vemos ser mal feito. Esta é outra forma de preservarmos os nossos trilhos, informando quem de direito sobre os actos desrespeitosos a que assistimos.

Especialmente quando encontramos algo tão grave e perigoso quanto as célebres armadilhas que são montadas nos trilhos com o intuito de magoar ciclistas, motociclistas e animais.

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Fotos: Arquivo GoRide / IMBA / Bontrager / Canyon / Titan Desert / Absa Mediterranean Epic

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