Tão simples na aparência e tão complexa na conceção, a suspensão frontal de uma bicicleta de BTT encerra vários “segredos”, dependendo da vertente da modalidade e dependendo do que fazemos com ela.
E as medidas são fundamentais, certo? Falamos das dimensões dos vários elementos que fazem parte da construção e design da suspensão, que estão regra geral intimamente ligados à geometria do quadro e que determinam a forma como cada modelo se adapta à finalidade da bicicleta.
Quando falamos de uma suspensão frontal, falamos essencialmente destas quatro medidas e/ou características.
Suspensão frontal: 4 medidas importantes
1. Ângulo de direção
Na realidade, este não é um dado ou medida diretamente relacionado com a suspensão, é mais relacionado com a direção, como o nome indica. Mas vale a pena incluir aqui o ângulo da direção por este ser o ângulo formado pela projeção do tubo de direção com o solo.
E mesmo por baixo desses elementos está a suspensão frontal, que ajuda a formar o ângulo. Este dado pode aferir a capacidade para a bicicleta ser mais ou menos estável, com uma direção que fornece uma postura dominante aos comandos.
Quanto mais pequeno for este ângulo, mais “esticada” para a frente estará ou será a direção, para que se consiga um maior equilíbrio e mais controlo no comportamento da direção e da bicicleta em si.
2. Curso da suspensão frontal
É um dado que à priori vai indicar o grau de absorção/amortecimento que a suspensão proporciona. É o dado mais falado dentro desta temática, com as BTT de XC a terem menos curso frontal (100 a 120 mm) e as gravity a ultrapassarem muitas vezes os 120 mm.
E é importante, certamente, também porque o aumento ou diminuição do curso da suspensão frontal está cada vez mais a permitir fazer pequenas modificações na geometria dos quadros. E isto modifica o comportamento da bicicleta.
Na gam Scott Spark, por exemplo, temos dois exemplos disso mesmo. Primeiro, o facto de o bloqueio da suspensão em três posições permitir alterar o curso instantaneamente e assim alterar ligeiramente os ângulos da geometria do quadro.
Segundo, essa mesma bicicleta é um exemplo de como o mesmo quadro pode ser partilhado por modelos de XC e trail mudando apenas o curso da suspensão frontal entre 100/120 ou 140 mm. Um ou dois centímetros conseguem também fazer variar o ângulo de direção referido acima.
3. Offset ou avanço
Outro dado que é muito referido na comperação entre suspensões frontais. Será a diferença entre a extensão da linha que passa pelo tubo de direção e a própria linha traçada pelas barras e/ou elementos verticais de uma suspensão frontal.
Esta pequena “discrepância” pode ser criada por diferentes designs das coroas da suspensão frontal ou, por vezes, pelos suportes onde se insere o eixo da roda. Este dado remete-nos para o deslocamento da roda (e toda a suspensão frontal) para a frente sem modificar o quadro.
O objetivo é conseguir maiores distâncias entre eixos sem termos de aumentar ou diminuir o ângulo de direção, o que acabaria por reduzir a maneabilidade da bicicleta. Ou sem termos de mexer no próprio quadro (aumentando o reach e/ou front center), o que significaria ter um quadro maior e mais desconfortável de manusear.
4. Trail
Esta medida está relacionada com o ângulo de direção e o offset, e será a medida que determina a distância entre a projeção vertical ao solo do eixo da roda frontal, em relação à projeção também até ao solo da linha que passa pela direção.
Se o trail é amplo, a estabilidade em terreno plano e a altas velocidades é maior, diminuindo outros aspetos como a maneabilidade, por exemplo. Naturalmente, esta medida influencia o offset e o ângulo da direção.
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Artigo redigido por José Escotto e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.