Nunca houve um atleta como ele no XCO… Falamos de Nino Schurter, claro, e por isso e muito mais não há vídeo desta série no YouTube que não vejamos com plena atenção. E recomendamos que os vejas todos, se ainda não o fizeste…

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Com 36 vitórias individuais em Taças do Mundo, nove títulos gerais da Taça do Mundo UCI, dez títulos de Campeão do Mundo e um ouro olímpico, o suíço construiu um currículo que não encontra paralelo no BTT.

Nos testemunhos neste vídeo vemos muito do que se passou no período final da carreira de Schurter, com o suíço a revelar um lado raramente exposto por atletas deste nível.

Durante mais de duas décadas, a sua vida foi organizada em torno de uma “bolha” competitiva em que tudo girava em função de rendimento, treino, descanso, viagens, pressão constante… Um modo de vida extremo, que ofereceu recompensas únicas, mas que cobrou um preço elevado noutras áreas.

O próprio admite que durante muito tempo teve medo da vida depois da competição. Não porque deixasse de gostar de correr, pelo contrário, mas porque o BTT profissional foi sempre “o melhor trabalho do mundo”.

Parar significava abdicar não só da competição, mas de uma identidade construída ao longo de quase trinta anos.

A decisão de continuar, na altura (final da temporada de 2024) foi renovada tal como aconteceu ano após ano, muitas vezes empurrada de fora para dentro.

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Enquanto havia vitórias, enquanto o nível competitivo se mantinha, a resposta era sempre a mesma, “ainda não é a hora”. Mas a realidade foi-se impondo. As vitórias tornaram-se mais raras, os sacrifícios maiores e o corpo passou a pedir algo que a cabeça demorou a aceitar.

O calendário de 2025 foi determinante. Quando Schurter viu que o Campeonato do Mundo seria disputado em Crans-Montana e que, logo a seguir, a Taça do Mundo passaria por Lenzerheide, percebeu que fazia sentido prolongar a carreira por mais um ano. Não por nostalgia, mas por coerência. Terminar em casa, nos locais que marcaram a sua história, parecia o desfecho certo.

Crans-Montana acabou por ser o momento mais duro. A carga emocional revelou-se demasiado pesada antes mesmo da partida. Um vídeo de homenagem, a presença da família, a consciência de que seria o último Campeonato do Mundo, tudo se acumulou.

Schurter chorou na linha de partida e, num contexto onde se compete contra os melhores do mundo, isso foi decisivo.

Lenzerheide trouxe outra dimensão. A última etapa da Taça do Mundo da carreira transformou-se num evento histórico, com milhares de adeptos ao longo do percurso, muitos ali apenas para ver Schurter competir pela última vez.

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Mesmo sem estar na luta pela vitória, Schurter nunca deixou de correr como se fosse o melhor de todos. Recuperou posições, entrou no top 20 e respondeu ao apoio do público como sempre fez, com entrega total.

Quando Thomas Frischknecht tocou o sino para anunciar a última volta da sua carreira em Taças do Mundo, o momento ganhou um peso simbólico difícil de repetir.

Os números ajudam a perceber a dimensão do feito. Em 262 provas de Taça do Mundo realizadas desde 1991, Schurter participou em 132. Em 22 Campeonatos do Mundo, conquistou medalhas em quase todos.

Mas reduzir a sua carreira a estatísticas é insuficiente. A verdadeira marca de Schurter está na forma como elevou o nível de exigência do desporto, obrigando gerações inteiras de adversários a evoluir.

Nino Schurter não foi apenas o mais vitorioso. Foi o corredor que redefiniu o que significa consistência no BTT de alto rendimento, que transformou pressão em energia e que tornou o impossível rotineiro.


Mais informações:
www.youtube.com/@nino.schurter
Crédito das imagens:
Beyond Nino

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