Todos sonhamos com o dia em que estreamos uma bicicleta nova, certo? Mas a verdade é que nem sempre há orçamento para termos o modelo dos nossos sonhos com zero kms… A solução muitas vezes passa por procurar uma BTT usada que esteja em bom estado e que apresente um preço adequado ao que procuramos.

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Recorrer ao mercado em segunda mão não é propriamente algo que recomendemos, mas compreendemos que seja inevitável para muitos compradores. A pensar nisso, e para dar uma ajuda, este especial tenta fazer com que a busca por uma bicicleta usada seja um sucesso e não um suplício.

Grandes diferença entre bicicletas já com uns anos e outras acabadas de lançar…

É por isso que atentamos em seis aspetos que podem ser determinantes para percebermos se a BTT está efetivamente em bom estado. E concentramo-nos nas bicicletas de montanha porque estas são sempre submetidas a uma utilização mais agressiva, o que faz com que a avaliação de uma usada tenha de ser mais criteriosa…

1. Suspensão frontal

Ter uma boa suspensão é fundamental. E avaliar o seu estado também, pois a manutenção deste componente não é barata, tão pouco a reparação… No momento da análise da bicicleta usada, atenta em eventuais folgas nas barras, especialmente.

Procura por marcas verticais ao longo do curso, verifica se os bloqueios estão efetivamente a bloquear a suspensão e desconfia se o amortecimento está demasiado “mole” ou demasiado rígido. Estes são sinais de possível desgaste e/ou avaria, e isto pode acarretar custos adicionais muito em breve.

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Podemos também procurar por perdas de ar, caso a suspensão funcione a ar. Com uma bomba de ar própria para suspensões, verifica a pressão da suspensão no momento e comprime-a algumas vezes com a bomba “ligada”. Agora verifica de novo a pressão indicada pela bomba para ver se os valores oscilaram. Têm de estar iguais.

2. Amortecedor traseiro

Tal como com a suspensão frontal, verifica os modos de funcionamento do amortecedor, a eficiência corrente do sistema de bloqueio, se está a conseguir bloquear o amortecimento.

Este tipo de amortecedores tem normalmente um ou dois elementos que permitem configurar a configuração e a pressão. Confere se o ajuste de rebound está a funcionar e usa novamente a bomba pra suspensão para averiguares se existem perdas de pressão.

3. Rolamentos

Trocar rolamentos numa bicicleta nem é algo dispendioso, mas alguns deles podem ter uma substituição mais complicada e/ou cara. Tenta perceber se há folgas na caixa de direção, que também tem rolamentos na estrutura interior, e verifica o sistema de base do pedaleiro e eixos associados exercendo força de cima para baixo nos pedais e nos cranques. Se notares folga, é mau sinal.

Se a bicicleta usada em causa é de suspensão total, analisa bem todos os rolamentos dos pivots e pontos de ligação do quadro e/outros componentes do sistema de amortecimento. Por vezes a olho nu conseguimos desde logo notar se algo não está bem.

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Com os rolamentos das rodas passa-se o mesmo. Ao experimentares a bicicleta, concentra-te na forma como as rodas rolam em terreno “limpo”. Procura por eventuais ruídos e por eventuais folgas.

Estas podem ter origem num aperto mal feito, mas também podem ser sinal de que os rolamentos estão a dar as últimas. Especialmente se forem selados. Quando mais caras as rodas, mais cara a manutenção dos rolamentos.

4. Transmissão e travões

Os componentes da transmissão são componentes de desgaste: corrente, cassete, roldanas, pratos… A sua substitução é algo com que temos de estar a contar. Mas é importante lembrar que os conjuntos mais exclusivos e mais caros numa BTT também vão acarretar um custo mais elevado caso seja necessário trocar algum elemento desde logo. É preciso fazer essa “conta” no momento de comprar uma bicicleta usada.

Ao experimentares a bicicleta, atenta no ruído que vem da transmissão a andar e a fazer passar as mudanças. O eventual mau funcionamento pode ser fruto de falta de afinação, mas o desgaste exagerado também é fácil de detetar. Olhando com atenção para os componentes também permite verificar se algo precisa de substituição imediata…

Quanto aos travões, os problemas também são fáceis de detetar. Olhando para as pastilhas conseguimos ver se estão no limite, encontrar riscos nos discos é sinal de alarme e manetes que só travam quase no limite pode ser sinal de que o sistema tem de ser sangrado. Isto custa dinheiro e pode significar a necessidade de substituição de elementos.

5. O estado do quadro…

É fundamental analisares com atenção todo o quadro em buscar de riscos profundos, pancadas, mossas e até possíveis rachas. Isto porque a reparação de um problema num quadro em fibra de carbono pode ser tão caro como comprar uma bicicleta nova…

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Quando deres a habitual volta de experiência, atenta em eventuais ruídos estranhos que possam ter origem em componentes e tubos de carbono. Analisa pontos críticos como as uniões dos tubos uns aos outros, a extremidade do tubo do selim, as extremidades das escoras, toda a zona do pedaleiro…

6. Componentes ‘vários’

A tudo isto somam-se os restantes componentes e periféricos de uma BTT. Exemplos: vê bem se o guiador está em bom estado, especialmente se for de carbono; atenta em ruídos vindos dos cabos dentro ou fora do quadro; testa o funcionamento do espigão telescópico. Se este não for telescópico, verifica a sua integridade.

Por outro lado, dá atenção aos pneus. Se estão gastos, sabemos que logo aí há um custo extra e para breve. Questiona o dono da bicicleta usada para saber quando foi a última vez que trocou as câmaras de ar ou o líquido anti furo, caso seja um sistema tubeless.

Da mesma forma, será importante ver se as rodas apresentam mossas ou pancadas, se rolam de form fluida, se não estão demasiado empenadas, se os raios estão em tensão, se não há folgas nos cubos.

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Artigo redigido por José Escotto e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.


Fotografias: Arquivo GoRide

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