Simon Yates é vitualmente vencedor do Giro de Itália. Só falta ao britânico da Visma-Lease a Bike terminar a etapa consagração este domingo, com final em Roma, para somar a segunda vitória em grandes Voltas, depois da Vuelta a Espanha de 2018.
Uma vitória que, reconheçamos, é inesperada, perante o favoritismo de Isaac del Toro e de Richard Carapaz à conquista da camisola rosa, à partida para a decisiva etapa (20.ª) deste sábado. Yates estava por baixo dos dois rivais, não apenas em desvatagem na geral (1.21 minutos para o mexicano e 38 segundos para o equatoriano), também animicamente, após a etapa de sexta-feira, em chegou a criticar a estratégia da equipa.
A mesma equipa, e outra estratégia certamente, que lhe valeram a glória no dia seguinte. O lançamento de Wout van Aert na fuga e a colocação tática do colosso belga no topo do Colle delle Finestre, onde rebocou Yates como poucos conseguiram melhor (recordando os contributos decisivos em etapas de montanha nos títulos de Vingagaard no Tour), foi a chave para o britânico arrebatar a maglia rosa a Del Toro.
Mas para lá chegar, pois claro, Simon Yates teve de dar os pedais. E fê-lo com força e inteligência no momento em que ataca em Finestre, com uma saída potente e beneficiando da marcação entre Del Toro e Carapaz. Duelo que atirou por terra as pretensões de ambos, como ficou demonstrado no baixar da guarda após uma troca de palavras em que o líder da EF Education negou a colaboração ao homólogo da UAE Emirates.
Para Carapaz, Del Toro não foi inteligente. Deixou-o entendível nas declarações após a etapa: “Ganhou o mais inteligente… Del Toro perdeu!”, disse o equatoriano, de que o jovem mexicano revelou as palavras ditas em cima da bicicleta naquele momento que acabou as dúvidas sobre o vencedor do Giro: “Pedi-lhe para passar e ele negou-o, dizendo que eu também o recusara quando Yates ainda estava a 20 segundos de distância”, revelou Del Toro.
A verdade é que o foi um volte-face inesperado, e favoreceu o espetáculo, num Volta a Itália sem Tadej Pogacar ou Jonas Vingegaard, que se revelou incomparavelmente mais aberta do que com os dois melhores voltista da atualidade, e em que a Visma voltou a ser mestre da tática. Mesmo sem ter o corredor mais forte, porque não se pode dizer que tivesse sobressaído a Del Toro ou Carapaz, apenas prevaleceu no momento certo, na hora certa. E assim venceu!
Crédito da imagem: Giro d’Italia Twitter – https://x.com/giroditalia/status/1928828268712497162/photo/2