Depois de um 2024 cheio de quedas e contratempos, Wout van Aert (Team Visma-Lease a Bike) precisava de provar — talvez mais a si próprio do que ao mundo — que ainda conseguia entusiasmar quem o vê correr. E conseguiu. Afinal, o belga é daqueles ciclistas que brilham em qualquer cenário: como líder, gregário, atacante solitário ou peça-chave numa estratégia de equipa.

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A época de 2025 trouxe-lhe finalmente o rumo certo. As vitórias de prestígio no Giro de Itália e no Tour de França confirmaram que estava de volta, mas não foram os únicos sinais. No próprio Giro, transformou-se no guarda-costas perfeito de Simon Yates, guiando-o até ao triunfo. E já antes disso tinha deixado marca nas Clássicas Flamengas, somando vários top-10. Em entrevista ao Het Nieuwsblad, Van Aert olha para tudo isso com franqueza.

O regresso às corridas, porém, não foi simples. O corpo doía, mas a cabeça doía mais. Nas clássicas, onde o pelotão é um caos organizado, faltava-lhe aquela agressividade natural: “Quando voltei, não conseguia comprometer-me. Ficava dividido entre a satisfação de não ter caído e a frustração de não conseguir lutar pelas posições por medo. E eu não gosto de correr agarrado nos outros; não é o meu estilo, não gosto de ir simplesmente na corrente.”

A segunda metade da temporada acabou por ser menos intensa e com menos resultados, mas cheia de lições. Agora, Van Aert quer voltar a competir como gosta: para ganhar. “Depois de uma primeira parte da época tão agitada, parei depois do Tour. Corri algumas provas sem estar no meu melhor e não gostei nada da sensação. Quando coloco o dorsal, é para tentar vencer.”

“Através da Flandres foi doloroso”

A 2 de abril de 2025, a Visma sofreu um duro revés na clássica belga Através da Flandres. Neilson Powless (EF Education–EasyPost) estragou os planos da equipa, que apostava tudo em Van Aert. Foi batido ao sprint pelo norte-americano. Para o belga, foi um murro no estômago: “Fiquei muito desiludido pela equipa, que tinha dado tudo por mim. Também fiquei frustrado comigo por tomar uma decisão que não é típica em mim — tentar sprintar em vez de jogar a carta da equipa. Eles nunca me culparam, muito pelo contrário: apoiaram-me e incentivaram-me, e isso valeu muito.”

A imprensa, como habitualmente, não tardou a apontar o dedo. Quem o defendeu foi Demi Vollering, lembrando que: “Os atletas às vezes tomam más decisões, mas pouca gente imagina a quantidade de fatores que influenciam essas escolhas.”

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A alegria demorou, mas acabou por regressar — e chegou em Siena. “Na noite da 5.ª etapa, pensei mesmo em abandonar. Mas a vitória em Siena, na 9.ª etapa, mudou tudo. Foi o ponto de viragem emocional do meu Giro e da minha época. Eu precisava de recuperar a alegria.”

Crédito da imagem: Visma Lease a Bike/X

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