Após várias semanas de experiências e voltas com esta Orbea Onna 10, estamos em condições de iniciar um conjunto de testes a bicicletas de BTT que não são topos de gama ou versões caras, mas sim opções mais baratas e que normalmente servem para a entrada na modalidade e/ou para satisfazer quem não quer gastar muito e ainda assim dar umas voltas ao fim de semana com os amigos.

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Assim, desde já sublinhamos que, sendo uma bicicleta que se enquadra nesse lote das de entrada de gama, esta sugestão da Orbea reune componentes mais acessíveis e que não garantem o desempenho que outras escolhas mais dispendiosas apresentam. Contudo, neste patamar de preços e segmento, esta é na verdade uma boa surpresa.

A começar pelo posicionamento, por assim dizer. A Onnea Onna, independentemente da versão selecionada, é um modelo all around, de certa forma. Ou seja, deixa-nos fazer de tudo um pouco dentro do espectro de ação de uma bicicleta de BTT.

Orbea Onna 10 2022 - Detalhes | GoRide

Tanto pode levar-nos às compras pela manhã como à tarde já estar nos trilhos, acompanhando amigos que até levam bicicletas mais caras, mais leves e mais bem equipadas. Isto para dizer que, dentro das suas limitações (e tal como acontece com modelos de outras marcas neste nível que já testámos), esta é uma bicicleta que não se nega a nada…

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No fundo, esta Orba foi concebida para proporcionar uma experiência de trail em ambiente de montanha, apesar de também poder rolar bem numa situação de puro XC de fim de semana em estradões e trilhos mais ou menos “complexos”.

Alumínio, sim…

Já seria de esperar que a este preço o quadro desta Orbea seja feito de alumínio. Mas antes disso refira-se que a geometria do mesmo aponta efetivamente a um trail ligeiro, com escoras relativamente curtas e um centro de gravidade disposto a meio da estrutura. Não estranhamos quando nos colocamos em cima da bicicleta pela primeira vez…

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Tubos moldados, ainda que sem grande preocupação em ocultar as soldaduras nas uniões. Um quadro rígido o suficiente para ser rápido e ágil q.b. Algum conforto e controlo. A pintura apresenta um acabamento com qualidade razoável tendo em conta o segmento; é bonita neste tom de azul, e dando uma sensação premium.

A geometria está claramente pensada na maximização da eficiência e do controlo da bicicleta, e em concreto para aqueles que estão a dar os primeiros passos no BTT.

Pormenores interessantes no quadro? Alguns. A cablagem é interna, a tecnologia threaded bottom bracket ajuda à manutenção do mecanismo do pedaleiro, furação para alforges e até compatibilidade com a instalação de espigão telescópico com cabos a passar por dentro, se quisermos.

Boas sensações

Habituados que estamos a experimentar modelos mais avançados, houve surpresa nas primeiras voltas e no modo como a bicicleta nos “acolhe”. A posição de condução é confortável e o guiador de 720 mm permite um manuseamento confiante da bicicleta mesmo em trilhos mais acidentados.

Baixámos um pouco a direção passando um espaçador para cima, algo que fazemos em muitos modelos que recebemos; conseguimos um pouco mais de eficácia racing e controlo. Perdemos conforto, ligeiramente.

E depressa quisemos levar a Orbea Onna os trilhos do costume, abandonando os estradões e o ambiente urbano. As subidas não são problema, apesar da sensação de “peso” do conjunto, que é real e efetivo. Os pneus são largos (2,35”), o que não ajuda propriamente na equação do peso, mas acrescentam segurança não só a curvar, mas também a descer.

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A bicicleta rola bem no trilho, com uma aceleração razoável e positiva tendo em conta o que custa e o material que a compõe. Apesar de ter uma suspensão de entrada de gama, a mesma é solo air, comportando-se razoavelmente bem na sua função de absorção das imperfeições dos caminhos. Mas não esperemos aqui o desempenho de uma topo de gama…

Falamos do sector dianteiro da bicicleta, logicamente, pois esta é uma hardtail pura e dura. Mas o comportamente em geral é satisfatório; a bicicleta respondeu positivamente a todas as solicitações com segurança e eficácia, pelo menos.

Material para… começar

A evolução natural de quem começa a praticar BTT fará com que se passe desta bicicleta para uma mais avançada no futuro, certamente, pelo que os componentes e periféricos que equipam esta Orbea são de entrada de gama, condizendo com o preço.

A transmissão é o exemplo mais flagrante desta constatação. A cargo da Shimano, é um sistema de 11x monoprato. Mesmo com desviador Shimano Deore M5100, sente-se fiabilidade no conjunto, que permite trocas de relação com alguma suavidade. Níveis de ruído e “tacto” no manípulo normais para a gama em causa. Mas sem falhas, pelo menos nos 500 kms percorridos com a bicicleta até agora.

A cassete é uma Sun Race com 11-51t de relação, o manípulo é também Shimano Deore, o pedaleiro é um OC1 (marca própria da Orbea) em alumínio com 32 dentes, adequado ao nível da bicicleta e a quem a utilizará. Mais do que suficiente para ultrapassarmos subidas técnicas. Não “esgota” antes dos 45 km/hora.

As rodas também acompanham o patamar de preço. São as orbea Black Rock 23c Disc, que não são propriamente leves, mas que aparentam ser robustas, pelo menos até à data. Zero problemas.

Já os pneus Kenda K1153 2.35″ parecem pesados, também, mas respondem bem até na pedra molhada. Há alguma resistência ao rolar, mas o comportamento em trilhos de trail satisfaz.

Baixando um pouco a pressão a eficácia aumenta, especialmente nas subidas e descidas com pedra solta. Provavelmente darão lugar a um modelo menos largo aquando da primeira substituição por desgaste…

Suspensão a postos…

Além dos travões, que são também Shimano, mais concretamente os MT201 com disco de 160 mm à frente e atrás (travagem competente, não muito doseável, contudo), há outro ponto importante a debater: a suspensão frontal, que está em linha com o preço pedido pela Orbea Onna nesta versão 10.

É uma RockShox Judy Silver TK. Algo pesada e com alguma dificuldade em “ler” quando o terreno tem muitos obstáculos. Fica um pouco aquém na vertente da suavidade e ressalta demais em terrenos muitos duros e acidentados. Mas repetimos mais uma vez: está em linha com os restantes componentes. Levamos o que pagamos, certo?

Em complemento, refira-se que os periféricos, por seu turno, são quase todos das “casa” Orbea. Avanço, guiador de 720 mm, espigão, tudo em alumínio. Nota para o selim, o Selle Royal 2058 DRN, que requer algum tempo de habituação pro ser um pouco desconfortável. Fácil de substituir a qualquer altura, arriscamos dizer.

A nossa avaliação…

A Orbea Onna 10 é uma bicicleta para iniciantes, mas que no fundo não deixará os riders mais experientes desiludidos. Responde favoravelmente a quase todas as solicitações, com uma boa manobrabilidade, com segurança, com eficácia. Mas está limitada ao que o preço de 1.099 euros permite montar no conjunto, naturalmente.

Ainda assim, a transmissão revela-se competente para encarar as subidas mais íngremes com confiança, o prato de 32 dentes também é a opção certa. A bicicleta não compromete em descida, apesar de ser fácil e rápido descobrirmos quais são os limites da suspensão Judy.

Divertida em single tracks, versátil o suficiente para um dia na serra ou para montar racks e seguir para um fim de semana de pedaladas em viagem mais longa.

O que mais nos agrada…

  • A pintura em azul que está nesta versão da bicicleta. Dá um “toque” premium que está acima do preço de 1.099 euros.
  • A versatilidade de utilização da bicicleta, que a própria marca até aponta á prática de um BTT do tipo trail de iniciação. Mas também dá para XC sem problemas.

A melhorar…

  • A suspensão não acompanha, por vezes, o que o quadro e a bicicleta em geral “pede” para se fazer…
  • Por vezes tocamos com a parte interior das pernas nos elementos de furação existentes no quadro para montagem de alforges (na zona dos tirantes, por fora). Isto a pedalar sentados.

Especificações da Orbea Onna 10 2022:

  • Quadro: Orbea Onna Alloy, BSA BB, Internal cable routing
  • Suspensão: RockShox Judy Silver TK 100 mm
  • Pedaleiro: OC1 Alloy forged Boost 32t
  • Guiador: Alloy Flat 31.8 mm / 720 mm
  • Manípulo: Shimano Deore M5100
  • Travões: Shimano MT201
  • Cassete: Sun Race 11-51t 11x
  • Desviador: Shimano Deore M5100 SGS Shadow Plus
  • Corrente: KMC X11
  • Rodas: Orbea Black Rock 23c Disc
  • Pneus: Kenda K1153 2.35″
  • Espigão: Alloy 27.2 Offset
  • Selim: Selle Royal 2058 DRN
  • Preço: 1.099 euros

Site oficial:

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Neste teste:

  • Texto e teste: Nuno Granadas e Jorge D. Lopes
  • Vídeos e fotos: Jorge D. Lopes
  • Rider nas imagens: Nuno Granadas

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