Seis anos depois de ter visto escapar-lhe a vitória no Giro de Itália no duro Colle delle Finestre, Simon Yates regressou à lendária subida para, desta vez, conquistar de forma dramática a classificação geral da Corsa Rosa. O britânico da Visma-Lease a Bike recordou agora o dia em que superou Isaac Del Toro e Richard Carapaz para vestir a camisola rosa.

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Até à etapa decisiva, Yates estava entre os candidatos, mas a luta principal parecia centrar-se em Carapaz e Del Toro, considerados os dois melhores escaladores desta edição. Del Toro já tinha revelado algumas fragilidades em ascensões mais longas, e Carapaz decidiu atacar logo na base do Finestre, tentando colocar pressão imediata sobre o jovem da UAE Team Emirates – XRG.

Poucos quilómetros depois, Yates aproximou-se, e a falta de colaboração entre Carapaz e Del Toro acabou por penalizar o equatoriano, que perdeu ritmo nas duras rampas. A partir desse momento, iniciou-se uma série de ataques sucessivos entre Carapaz e Yates, num duelo tático e físico que acabaria por definir a classificação geral.

“Eu disse ao meu diretor desportivo: ‘Preciso que estes tipos se olhem entre si. Preciso de uma brecha’. Acho que esta era a minha única hipótese. Já tinha tentado deixá-los para trás no início da corrida, e, na verdade, eles estavam mais fortes do que eu”, recordou o britânico, num painel no Rouleur Live.

“Precisava daquele momento de hesitação. Sabia que o Carapaz já tinha ganho o Giro, por isso um segundo ou terceiro lugar não importava para ele. Por isso, tudo se encaixou para mim”, acrescentou.

Yates descreveu ainda a incerteza tática vivida dentro da corrida: “Quando iniciava os ataques, não havia muita comunicação do carro. Mas enquanto abria a vantagem, precisava de saber se estavam juntos, porque se estivessem, estariam a pedalar mais devagar. Gritava pelo rádio.”

A jornada decisiva ficou também marcada pela estratégia da Visma. Wout van Aert manteve-se na dianteira até ao topo do Colle delle Finestre e depois assumiu o ritmo para Yates, num apoio fundamental rumo à vitória. Segundo o britânico, a ausência de resposta da EF e da UAE — que não usaram a mesma abordagem tática — contribuiu para o desfecho.

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“A presença de Wout, penso que acabou com a vantagem dos outros dois”, afirmou Yates. Com Carapaz a recusar colaborar com Del Toro após a subida, ambos acabaram por abrandar, permitindo que a diferença aumentasse para vários minutos. “Não foi só a força física dele, foi o aspeto mental. Eles ouviram ‘Simon juntou-se a Wout’. Os dois já estavam a lutar, já não eram amigos.”

Com a vitória conquistada no mesmo cenário onde perdeu tudo em 2018, Yates completou um dos momentos mais simbólicos e emocionantes da sua carreira, transformando a montanha que antes o marcou negativamente no palco da sua maior redenção.

Crédito da imagem: Visma Lease a Bike/X

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