A escolha entre pneus tubeless e pneus com câmara de ar poderá ser hoje um dos “debates” mais frequentes entre ciclistas tanto de estrada como de BTT e gravel.

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A tecnologia vai evoluindo, muda a forma como todos pensamos em relação à manutenção, eficiência e segurança da bicicleta, e é natural que tenhamos opiniões e opções distintas.

Mas qual poderá ser a solução mais prática, económica e fiável para os treinos (e competições) do dia a dia? Deixamos aqui as nossas impressões sobre o tema…

O funcionamento de cada sistema

O sistema com câmara segue o princípio tradicional: dentro do pneu existe uma câmara de ar independente, que é cheia para garantir pressão e suporte. É simples, compatível com praticamente qualquer roda e fácil de reparar na estrada.

O tubeless elimina essa câmara. O pneu sela diretamente no aro da roda, utilizando um líquido selante que pode preencher pequenos furos e garantir a estanquidade. Isto permite levar pressões mais baixas, gera maior tração e talvez menos furos, mas exige montagem cuidada e materiais compatíveis.

Embora ambos cumpram a mesma função, que é a de manter o pneu firme no solo, fazem-no de formas diferentes, influenciando a performance e a experiência do ciclista, à partida.

Vantagens dos pneus tubeless

O maior argumento a favor do tubeless é a redução significativa dos furos. Cortes pequenos são imediatamente vedados pelo selante, evitando paragens inesperadas e permitindo continuar a pedalar mesmo em condições adversas.

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Outra vantagem é a possibilidade de usar pressões mais baixas. Com menos ar dentro do pneu e sem risco de “snake bite”, aquele corte na câmara provocado por impactos fortes, a roda adapta-se melhor ao solo, garantindo mais conforto e aderência. Em trilhos húmidos ou soltos, essa diferença nota-se de imediato.

Além disso, a rolagem tende a ser mais suave. A ausência de fricção entre pneu e câmara reduz resistência e vibrações, algo que muitos ciclistas descrevem como uma sensação mais estável e fluida, especialmente em distâncias longas.

Desvantagens dos pneus tubeless

O tubeless não é perfeito. A montagem pode ser trabalhosa, exigindo um compressor para selar o pneu. O selante também precisa de manutenção periódica, pois seca com o tempo e deve ser substituído a cada poucos meses, consoante o clima e o tipo de utilização.

Quando ocorre um furo grande demais para o selante vedar, o processo de reparação não é tão imediato como trocar uma câmara. Muitas vezes recorre-se aos famosos tacos, que são tiras de borracha que introduzimos nos buracos maiores.

Noutras, é necessário instalar uma câmara de ar como solução de emergência e seguir “viagem”, algo que nem sempre corre bem, já que o interior do pneu pode estar sujo de selante.

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É um sistema que funciona melhor com algumas rodas e pneus específicos. Misturar componentes incompatíveis resulta em fugas de ar, manutenção constante e frustração.

Vantagens das câmaras de ar

A grande força das câmaras está na simplicidade. São fáceis de instalar, fáceis de substituir e não exigem qualquer manutenção especial. Para quem pedala sobretudo em estrada ou em trajetos urbanos, onde os furos são mais previsíveis e raros, esta simplicidade torna o sistema prático e económico.

O custo também pesa. Câmaras são baratas e universais, podendo ser transportadas no bolso ou na bolsa da bicicleta sem ocupar muito espaço. Para viagens longas ou cicloturismo, em que a fiabilidade mecânica é essencial, esta previsibilidade é frequentemente valorizada.

Desvantagens das câmaras de ar

Apesar de tudo, as câmaras continuam vulneráveis a vários tipos de furos, já que objetos perfurantes, impactos fortes e até pressão excessiva podem comprometer o sistema. Os furos são relativamente fáceis de reparar, mas acumulam-se com o tempo.

Além disso, exigem pressões mais altas para evitar dobragens e cortes, o que resulta numa condução mais rígida, menos confortável e com menor tração, em teoria. Em gravel ou BTT, isso traduz-se em menor controlo e maior fadiga, eventualmente.

Mesmo no ciclismo de estrada, muitos ciclistas já reconhecem que a rolagem pode ser mais eficiente com tubeless, devido à menor resistência interna.

O que escolher, afinal?

A escolha entre tubeless e câmara depende sobretudo do terreno, do estilo de utilização e da disposição para manutenção. Para trilhos exigentes, gravel, maratonas e zonas com muita pedra ou espinhos, o tubeless oferece benefícios claros em segurança e desempenho.

Para deslocações urbanas, treino ocasional ou ciclistas que valorizem simplicidade acima de tudo, a câmara de ar continua perfeitamente funcional.

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A verdade é que os dois sistemas convivem nas bicicletas porque respondem a necessidades diferentes. E, apesar do crescimento do tubeless, as câmaras não desaparecerão tão cedo: continuam baratas, fiáveis e práticas.


Crédito das imagens:
Arquivo Goride.pt

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