Foi uma noite (madrugada em Portugal) de emoções fortes para Iúri Leitão. O ciclista português conquistou a medalha de bronze na prova de scratch dos Mundiais de ciclismo de pista — mas só pôde pendurá-la ao peito depois de uma longa e confusa espera.

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Tudo começou de forma atribulada: a corrida teve cerca de 40 minutos de atraso e terminou com um enredo digno de um filme. No final, Iúri foi o único a perceber que tinha sido dada uma volta a mais à pista!

Inicialmente, o nome do português apareceu como sétimo classificado. Pouco depois, subiu a sexto. Mas os minutos passavam, a incerteza crescia e só mais tarde — quando os resultados oficiais finalmente saíram, sendo os últimos do dia — é que Iúri pôde subir ao pódio e receber, com justiça, o bronze.

Sem o tradicional toque do sino que anuncia a última volta, o ciclista vianense lançou o sprint final no grupo da frente, lutando pelas medalhas. No entanto, enquanto ele cortava o que acreditava ser a meta, os restantes corredores continuaram a pedalar. Iúri parou, confuso, e reclamou de imediato, certo de que a prova já tinha terminado.

“Primeiro, foi dada uma volta a mais do que aquilo que deveriam de fazer e depois o Iúri foi prejudicado numa abordagem à volta final pelo movimento do belga [Jules Hesters] que o obrigou a subir na pista. Nessa volta, o Iúri passa em quarto lugar, mas, após a revisão da corrida pelos comissários, o belga foi relegado e nós fazemos terceiro lugar”, explicou à agência Lusa o selecionador português.

O treinador lamentou, contudo, o incidente com Hesters, que pode ter custado mais do que uma cor de medalha: “O Iúri vinha a ultrapassá-lo e essa ação acaba por prejudicar e tirar a possibilidade de fazer melhor. No entanto, foi um excelente resultado que obtivemos e, portanto, essa é uma situação que não poderíamos controlar”, assumiu.

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Ao longo das 40 voltas no velódromo de Santiago, o campeão europeu da especialidade manteve-se discreto, quase sempre na segunda metade do grupo, passando à frente apenas nos primeiros metros. Parecia fora das principais movimentações, mas, com calma e estratégia, recuperou sempre terreno quando necessário.

A corrida ganhou intensidade a 12 voltas do fim. Iúri ficou momentaneamente num terceiro grupo, mas com um enorme esforço e determinação, recuperou posições e entrou na derradeira volta entre os candidatos às medalhas — conquista que só seria confirmada após o protesto da seleção portuguesa.

Esta é a terceira medalha em Mundiais para Iúri Leitão: ouro no omnium em 2023, prata na eliminação em 2021, e agora bronze no scratch. Soma-se ainda um impressionante palmarés europeu, com quatro títulos de scratch e um na corrida por pontos.

Na história dos Mundiais de pista, Portugal contabiliza agora mais quatro medalhas: dois bronzes de Maria Martins (scratch em 2020 e omnium em 2022) e duas de Ivo Oliveira (prata em 2018 e bronze em 2022, ambas na perseguição individual).

Mas o Mundial ainda não acabou para Iúri. O ciclista da Caja Rural volta à pista hoje, no quilómetro, com qualificações às 11:00 locais (15:00 em Lisboa) e, se tudo correr bem, a final às 18:20 (22:20).
No mesmo dia, Diogo Narciso tenta o apuramento para a final da perseguição individual (12:00 locais / 16:00 em Lisboa), marcada para as 18:58 (22:58).
Já João Matias entra diretamente na corrida por pontos às 17:00 (21:00), enquanto Iúri disputará as quatro provas do omnium no sábado.

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O domingo reserva mais emoção: Matias estará na final da eliminação às 14:40 (18:40), e Iúri Leitão e Diogo Narciso fecham a participação portuguesa no Madison, às 15:58 (19:58).

Crédito das imagens: FPC

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