O Campeonato do Mundo de Contrarrelógio transformou-se num palco de glória e surpresa: Remco Evenepoel não só conquistou o seu terceiro título consecutivo, como viveu um daqueles momentos que marcam gerações ao ultrapassar Tadej Pogacar, o gigante da temporada. Com este feito, junta o seu nome à elite de sempre, ao lado de Michael Rogers (2003-05) e Tony Martin (2011-13). 

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O cenário parecia desenhado para Pogacar. Um percurso exigente, com 40,6 quilómetros e quase 760 metros de desnível acumulado, três subidas duras sob o calor da capital ruandesa — tudo apontava para um duelo equilibrado. Mas Evenepoel estava noutro patamar. A cada parcial, pulverizou tempos, correu com fúria, e a menos de três quilómetros do fim, apanhou o rival que tinha partido 2.30 minutos antes. A imagem foi brutal: o tricampeão mundial a dobrar o vencedor do Tour. 

Cruzou a meta em 49.46 minutos, à média de 49 km/h, um registo estonteante para tamanha dureza. Pogacar, por sua vez, não resistiu ao embate. Já no primeiro ponto intermédio estava 45 segundos atrás, depois 1.42 e finalmente 1.59. Terminou a 2.37 minutos de Remco, fora do pódio por apenas um segundo. 

O pódio foi surpreendente: Jay Vine, em alta após a Vuelta, levou a prata (+1.14), e o jovem belga Ilan Van Wilder arrancou o bronze (+2.36), deixando Pogacar em quarto. Logo a seguir, o mexicano Isaac del Toro completou o top-5, a apenas três segundos do esloveno (+2.40). 

À chegada, Evenepoel foi claro sobre o momento que incendiou a corrida: “Quando avistei Tadej Pogacar na subida, só pensei em estabelecer como objetivo aproximar-me mais perto possível dele, mas ultrapassá-lo não era o objetivo. O objetivo era ganhar e concentrar-me no meu esforço”, declarou. 

E acrescentou, com emoção visível:Dos três títulos de contrarrelógio, é o que conquisto com a maior vantagem, por isso é muito positivo para mim. Foi também o contrarrelógio mais difícil que fiz, pela altitude, o calor, a elevação… Todas as subidas eram íngremes no início, depois diminuíam no topo, por isso era preciso acelerar no início e manter um ritmo constante até ao cume. Senti-me super”. 

Este triunfo é mais do que uma medalha: é um renascimento. Depois da frustração da desistência no Tour, Evenepoel voltou a erguer-se com estilo, a vestir de novo a camisola arco-íris e a mostrar que ainda tem muito para dar ao ciclismo mundial. 

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Portugal não teve representantes no contrarrelógio de elites, mas a bandeira lusa entrará na estrada no próximo domingo (28), na corrida de fundo. Estarão presentes Afonso Eulálio (Bahrain Victorious), António Morgado e Ivo Oliveira (UAE Emirates) e Tiago Antunes (Efapel). João Almeida, vice-campeão da Vuelta, e Nelson Oliveira são ausências notadas, já com foco nos Europeus em França (1 a 5 de outubro). 

Classificação

Crédito da imagem: UCI_cycling https://x.com/UCI_cycling/status/1969768294316994917/photo/1

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