Tadej Pogacar voltou a provar porque é considerado o melhor ciclista do mundo, atacando de longe para conservar a camisola arco-íris, numa jornada marcada também pela histórica prestação de Afonso Eulálio para o ciclismo português, em Kigali (Ruanda).

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O esloveno replicou a estratégia do ano passado, mas desta vez acrescentou ainda mais quilómetros à sua epopeia. Primeiro, contou com a companhia do jovem mexicano Isaac del Toro, antes de se lançar a solo a mais de 60 quilómetros da meta. Cruzou a linha após 6h21m20s de corrida.

“Penso que o percurso foi desenhado para isto. Tinha esperança que um grupo pequeno se formasse, como aconteceu com o Juan [Ayuso] e o [Isaac] del Toro. Foi a combinação perfeita. Queria ficar com eles o máximo tempo possível […], mas fiquei sozinho bastante cedo. Tal como no ano passado, fiquei isolado e tive de lutar contra mim mesmo, mas felizmente consegui”, descreveu o campeão.

Nos primeiros Mundiais de estrada disputados em África, o tetracampeão do Tour, de 27 anos, revalidou o título na prova de fundo de elites, relegando para segundo lugar o azarado Remco Evenepoel, que sofreu três trocas de bicicleta mas nunca desistiu. Depois de vencer o contrarrelógio, o belga ficou com a prata, a 1m28s de Pogacar, com o irlandês Ben Healy a completar o pódio, a 2m16s.

Entre os grandes destaques esteve Afonso Eulálio. Prestes a completar 24 anos, o ciclista tornou-se apenas o segundo português de sempre a terminar a prova de fundo no top 10, igualando o nono lugar de Rui Costa em 2009. O figueirense chegou a 7m06s do vencedor. Também Ivo Oliveira brilhou, integrando a fuga inicial, apanhada apenas quando Pogacar acelerou.

A dureza dos 267,5 km com 5.475 metros de desnível acumulado ditou muitas desistências e quedas. O francês Julian Alaphilippe, bicampeão mundial em 2020 e 2021, abandonou devido a problemas físicos. Pouco depois, o espanhol Marc Soler e o belga Ilan van Wilder caíram contra as barreiras.

Foi no Monte Kigali que a corrida se decidiu. Pogacar atacou a mais de 100 km da meta, deixando Evenepoel para trás logo no início da perseguição. O belga, que bateu o esloveno no contrarrelógio, ainda sofreu problemas mecânicos e foi forçado a trocar de bicicleta mais duas vezes.

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À frente, apenas Ayuso e Del Toro resistiram, mas a lei dos Mundiais não reconhece alianças de equipa: Pogacar acelerou no “muro” de Kigali, isolando-se definitivamente. O mexicano ainda resistiu alguns quilómetros, mas quebrou a 66 km do fim.

Mesmo longe do ouro, Evenepoel nunca baixou os braços. Na reta final, depois de um erro na derradeira troca de bicicleta, ainda assim conseguiu segurar a prata. “Queria a dobradinha, sentia-me fantástico, mas hoje o destino tinha um plano diferente para mim”, lamentou.

A disputa pelo bronze ficou entre Healy e Skjelmose, com o irlandês a levar a melhor após a quebra do dinamarquês. Assim se fechou em Kigali um Mundial histórico, marcado pela dureza do percurso, pelo sucesso de público e pela confirmação de Pogacar como o número um do mundo.

 

Classificação:

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Crédito da imagem: UCI_Cycling WXpics

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