João Almeida teve missão 96% cumprida na etapa de abertura do Giro, que era aguardada com especial expectativa pela chegada de desfecho imprevisível numa subida de cinco quilómetros a uma inclinação mediana. Os 4% que faltaram para o corredor português tivesse um dia limpo correspondem aos 4 segundos que deixou na estrada para Richard Carapaz, o único rival ao pódio da corrida italiana que ficou à sua frente na jornada inaugural. Pello Bilbao ou Wilco Kelderman ainda fizeram melhor, com o espanhol a bonificar mais 4 segundos além dos 4 que ganhou a Almeida na meta, mas não se acredita que principalmente este último seja um verdadeiro concorrente ‘à geral’ do líder da UAE Emirates neste Giro.

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Carapaz sim, é-o, e todos os segundos podem contar no final das três semanas. João Almeida ficou num segundo grupo cortado com todos os demais candidatos, curiosamente (ou evitavelmente…) em grande parte por ação de David Formolo, quando o italiano, seu companheiro de equipa, acelerou para tentar lançar Diego Ulissi para a vitória na etapa e para a camisola rosa. Desatenção do português? Descoordenação do coletivo? O que tenha sido, não foi nada de grave. A ver.

Contudo, o tempo que o João perdeu esta sexta-feira, pode e deve recuperá-lo, e superá-lo, já este sábado, no primeiro de dois contrarrelógios desta edição. É curto (9,2 km), mas com os derradeiros 1,3 km em subida (4,5%) e há que aproveitá-lo para meter o mais tempo possível em mais adversários diretos possíveis. Mesmo correndo o risco de, no final da jornada, vestir a ‘maglia rosa’, que, convenhamos, não é recomendável pelo esforço adicional que exigiria à equipa a sua defesa.

Vamos, então, confiar que Van der Poel esteja outro dia inspirado e surpreenda na corrida contra o tempo, para manter a liderança (o que colocamos sob muitas reservas) ou que Magnus Cort Nielsen (mais expectável) ‘corte’ os 10 segundos que tem de atraso para o neerlandês e alivie de um ‘fardo’ escusado João Almeida um dia que seja – pois a etapa do Etna é já a quarta, na próxima terça-feira! E se o corredor luso cumprir a 100% no contrarrelógio, como se espera, só uma falha indesejável nas vertentes do vulcão da Sicília impedi-lo-á de se cobrir de rosa. Também ainda tão cedo, é verdade, mas quem tem pretensões tão elevadas, como Almeida, tem de as assumir na estrada.

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