Começámos da melhor forma a nossa nova série de vídeos no YouTube ‘Conversas de Ciclismo GoRide’: entrevistámos Joaquim Andrade, o diretor da Feirense-Beeceler, e o que não faltou foi tópicos de conversa interessantes!

PUB
Fox Service

De Afonso Eulálio a Byron Munton, dos primeiros tempos no ciclismo até ao desafio de dirigir uma equipa profissional… Vê a entrevista completa em vídeo acima ou relembra aqui os oito pontos em destaque nesta animada conversa.

‘No ciclismo há mais momentos maus do que bons. O segredo é saber superá-los.’

Joaquim Andrade, antigo ciclista profissional com 21 Voltas a Portugal concluídas, vencedor da Volta ao Algarve e do Alentejo, campeão nacional de estrada e contrarrelógio, e detentor de um recorde no Guinness pelo maior número de Voltas a Portugal concluídas seguidas. Foram 21.

Atualmente, é diretor desportivo da Feirense – Beeceler, uma das equipas mais combativas do pelotão nacional.

‘Comecei cedo, mas não gostava de sofrer.’

Joaquim Andrade recorda o início da sua ligação às bicicletas: “Comecei muito cedo, fiz a minha primeira prova com seis anos, mas não gostava muito daquilo porque sofria muito. Voltei a competir mais seriamente como juvenil e mantive-me até aos 40 anos”.

Ao longo de mais de duas décadas de carreira, somou inúmeras vitórias e momentos marcantes, mas há alguns que guarda com especial carinho: “A vitória na Volta ao Algarve foi muito especial. Estávamos só três ciclistas na equipa e mesmo assim consegui segurar a camisola amarela”.

PUB

“E claro, a minha primeira vitória de etapa na Volta a Portugal, com 19 anos, aqui em Santa Maria da Feira. Nunca pensei vencer, só queria ajudar a equipa”.

“Também o título de campeão nacional de estrada teve um sabor especial: foi em casa, e depois de um contrarrelógio que me correu mal. Acabei por vencer quando menos esperava”.

De ciclista a diretor desportivo: ‘Nunca pensei seguir este caminho.’

Após terminar a carreira, Joaquim manteve-se ligado ao ciclismo, mas garante que o papel de diretor não estava nos seus planos. “Quando era ciclista, diziam-me que devia continuar como diretor, mas eu achava que não”.

“Só mais tarde, quando o Paulo Couto me convidou para orientar a equipa da União Ciclista da Maia, percebi que era realmente o que gostava de fazer. Fascina-me acompanhar o crescimento dos ciclistas e viver as emoções deles de perto”.

PUB
Beeq E-Bikes

Afonso Eulálio: ‘O que mais me impressionou foi o espírito de sacrifício.’

Um dos temas centrais da nossa conversa com Joaquim Andrade foi Afonso Eulálio, revelação da Volta a Portugal de 2024 e atual corredor do WorldTour.

“O que mais me fascinou no Afonso foi o espírito de sacrifício e a forma como superava as dificuldades. A primeira vez que o vi correr, não era o mais forte, mas venceu a corrida. Isso mostra caráter. No ciclismo, toda a gente vai bem nos dias bons, mas o que conta é o que fazemos nos dias maus”.

Sobre a Volta de 2024, Joaquim admite que o plano inicial não passava pela liderança de Eulálio: “O líder era o António Carvalho, mas o Afonso teve liberdade para fazer a sua corrida. Quando vestiu a amarela, foi uma surpresa, não estávamos à espera”.

“Depois fomos acreditando etapa a etapa. Só a etapa da Senhora da Graça nos correu mal. Se tivéssemos controlado, ele discutiria a Volta até ao último metro”.

Byron e Diogo Gonçalves: ‘Mais provas de que em Portugal se faz talento.’

Falando sobre o futuro, Joaquim destaca os nomes de Byron e Diogo Gonçalves, dois ciclistas em grande ascensão. “O Byron vai estar numa equipa ProTeam na próxima época. É uma perda para nós, mas uma felicidade para ele. É um ciclista com grande espírito de sacrifício e vai agarrar a oportunidade”.

“O Diogo é outro talento enorme. Fez uma época fantástica, cresceu muito e mostrou ter nível para outros voos. É dos ciclistas mais fortes que já passaram pelas minhas equipas”. 

PUB
Mondraker Arid Alloy

Sobre o papel de diretor: ‘Aconselhar é mais difícil do que decidir.’

Questionado sobre o seu papel na gestão de jovens talentos, Joaquim é claro: “Não posso proibir ninguém de seguir outros caminhos, mas posso aconselhar. Às vezes, as equipas prometem calendários internacionais que despertam curiosidade. Nós também fazemos isso desde 2018: já ganhámos fora e queremos continuar a competir lá fora, sem esquecer as provas nacionais”.

Ciclismo português vs. internacional: ‘Temos muito nível, mas corre-se de forma diferente.’

“O ciclismo português tem um nível muito alto, mas é mais irregular, com muitos ataques e pausas. Lá fora, o ritmo é mais constante e elevado. Uma verdadeira morte lenta, como costumo dizer. É importante que os nossos ciclistas tenham esse contacto, porque na Volta a Portugal já se corre assim, num ritmo internacional”.

Pedro Andrade e o peso do nome

Sobre o jovem Pedro Andrade, neto e filho de ciclistas, Joaquim reconhece que o apelido traz responsabilidade: “Talvez sinta alguma pressão pelas comparações, mas está a superar essa fase. Acredito que 2026 vai ser o ano em que o veremos ao nível do seu verdadeiro valor”.

‘Feirense é sinónimo de combatividade.’

Para fechar, pedimos ao Joaquim Andrade que descrevesse a sua equipa numa palavra. A resposta foi imediata: “Combativa. Somos uma equipa aguerrida e que procura sempre as suas oportunidades”.


Crédito das imagens:
Joaquim Andrade / Feirense-Beeceler

Também vais gostar destes!