A grande pergunta é, caso estejas neste momento a tentar decidir por qual destas “portas” vais entrar no ciclismo: gravel ou estrada, qual a escolha mais acertada? Nesse seguimento, comprar uma bicicleta de estrada ou de gravel?

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A resposta imediata é fácil: qualquer uma destas vertentes do ciclismo é fantástica, o importante é começar, efetivamente!

Mas há muito a ponderar numa escolha deste género… Escolher entre uma bicicleta de estrada e uma bicicleta de gravel, por exemplo, é uma decisão que vai muito além da estética.

Ambos os tipos são concebidos para pedalar longas distâncias com eficiência, mas têm naturezas e destinos distintos. A escolha certa depende do tipo de ciclista que queres ser, pelo menos nestes primeiros meses a começar a andar de bicicleta.

Tudo depende em parte do grupo de amigos ciclistas que tenhas, dos percursos que acreditas gostar de fazer e da sensação que procuras quando pedalas, entre vários outros fatores, obviamente, estamos a apenas a referi alguns.

Basicamente, a estrada é precisão e velocidade, sobre asfalto (e com a companhia de bastantes carros, dependendo de onde andas. E o gravel está mais relacionado com liberdade e descoberta, na maior parte dos momentos em trilhos, estradões e várias passagens que normalmente fazemos de BTT.

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1. Geometria e posição do ciclista

A geometria pode ser tida como o primeiro ponto que distingue uma bicicleta de estrada de uma gravel. As bicicletas de estrada apresentam uma geometria mais agressiva, com o tubo superior mais baixo, o avanço mais comprido e o guiador mais baixo, também, tentando favorecer uma posição aerodinâmica.

As gravel, pelo contrário, privilegiam o conforto e a versatilidade. A frente é mais alta, os ângulos mais abertos e o entre-eixos ligeiramente mais longo, o que resulta numa posição mais direita e estável. Essa geometria pode proporcionar maior controlo em terrenos irregulares e maior conforto em longas horas em cima do selim.

2. Largura dos pneus e tipo de terreno

Os pneus são, talvez, uma das diferenças mais visíveis entre estrada e gravel. As bicicletas de estrada usam pneus estreitos, geralmente entre 28 e 30 mm,  otimizados para o asfalto e para reduzir a resistência ao rolamento. Garantem fluidez e sensação de leveza, mas sacrificam o conforto e a tração fora do alcatrão.

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Já as gravel recorrem a pneus bem mais largos, entre 40 e 50 mm, muitas vezes com piso desenhado para oferecer tração em gravilha, terra batida ou trilhos “leves”. Esta largura extra permite explorar terrenos mistos sem receio e sem comprometer demasiado a eficiência em piso liso.

3. Quadro, materiais e conforto

Embora os quadros de ambas as biicletas possam ser em carbono, alumínio, titânio ou aço, há diferenças significativas no conceito de design. Os quadros de estrada são mais rígidos e leves, otimizados para a transferência direta de potência e performance pura.

As gravel, por outro lado, apostam na durabilidade e no conforto: incorporam folgas maiores para pneus largos, pontos de fixação adicionais para bolsas e bidões e até microflexões no triângulo traseiro que ajudam a absorver vibrações.

5. Transmissão e gama de andamentos

As transmissões nas bicicletas de estrada privilegiam a cadência e a eficiência em altas velocidades, com configurações compactas ou semi-compactas e cassetes de amplitude reduzida. O objetivo é manter a pedalada fluida e constante em terrenos rolantes e subidas longas.

Nas gravel, a prioridade é a versatilidade: é comum o uso de transmissões 1x (apenas um prato à frente), que simplificam o funcionamento e reduzem o risco de problemas mecânicos. As cassetes são mais amplas, permitindo enfrentar subidas técnicas e terrenos variados com maior controlo e menos necessidade de troca de prato.

6. Travões e controlo

O travão de disco é o padrão em ambos os segmentos, naturalmente, mas nas gravel essa presença é total. A necessidade de controlo em superfícies soltas e condições adversas exige uma travagem previsível e potente.

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Além disso, muitas gravel incluem guiadores com flare (ligeira abertura das extremidades), o que aumenta a estabilidade e o controlo em descidas ou curvas sobre gravilha.

O elemento decisivo: o tipo de ciclista que és

A escolha entre estrada e gravel não depende apenas da bicicleta: depende de ti. Se gostas de perseguir médias altas, competir mais vezes ou sentir a resposta imediata do asfalto sob as rodas, a estrada vai fazer-te sorrir. Quem não gosta de BTT pode naturalmente optar pela estrada.

Por outro lado, se gostas de BTT, se já praticaste esta vertente, e te agrada andar em trilhos e off-roard, então o gravel pode ser opção. Ainda mais se preferes explorar sem pressa, descobrir novos caminhos e pedalar sem medo do que vem a seguir…

Entre a rigidez da estrada e a versatilidade descontraída do gravel, não há uma escolha certa e outra errada. Há apenas a primeira das escolha certas, que é começar a pedalar sempre que possível; e ainda a segunda escolha certa para o tipo de ciclista que queres ser: a estrada desafia-te a ir mais rápido, o gravel convida-te a ir mais longe…


Crédito das imagens:
DR / GoRide Arquivo / Gravel Burn

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