Bastou o anúncio para o mundo do ciclismo ficar em alvoroço: Remco Evenepoel vai trocar, após sete anos, a Soudal Quick-Step pela Red Bull-BORA-hansgrohe. A equipa belga foi a rampa de lançamento para o transformar num dos melhores corredores do planeta — mas agora Remco vai juntar-se a um plantel de luxo, que já conta com Primoz Roglic e Florian Lipowitz, o alemão que foi 3.º na Volta a França deste ano… com apenas 24 anos. 

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Quem comentou a jogada foi Philippe Gilbert, ex-ciclista e agora consultor no Le Soir. À primeira vista, a mudança pode surpreender, mas para Gilbert é uma decisão que faz sentido, tanto no bolso como na performance. 

 ‘Sair da zona de conforto’ 
Gilbert começa por explicar: “Remco faz bem em sair da sua bolha. Não falo só do salário, mas das oportunidades em investigação, desenvolvimento, estágios e supervisão técnica. Vai ter uma base tecnológica mais sólida, essencial para evoluir. Na Quick-Step, nos últimos meses, parecia preso às suas conquistas, rodeado de pessoas que lhe diziam sempre ‘sim’.” 

Segundo o belga, esta mudança vai pôr Remco num cenário parecido ao início da carreira, quando chegou à Quick-Step em 2019 e teve de lutar pelo seu espaço. Agora, numa equipa ainda mais forte, terá de se afirmar novamente. A boa notícia? A bicicleta e o setup de contrarrelógio mantêm-se, evitando um retrocesso técnico. 

Uma equipa com tática 
Gilbert elogia a nova casa: “A Red Bull é muito boa taticamente. Vimos no Giro com Jai Hindley, e no Tour com movimentos cirúrgicos. É o que faltava ao Remco: chefes desportivos que o desafiem e imponham escolhas.” 

Ele próprio passou por algo semelhante quando trocou a FDJ pela Lotto, depois de seis anos confortáveis mas dentro de uma bolha. 

Olhar para o Tour 
O objetivo de Remco é claro: evoluir para vencer o Tour de França. Gilbert é realista: “Derrotar Pogacar ou Vingegaard numa grande volta é duríssimo. Mas se um deles falhar, Remco será o primeiro a atacar. Com a Red Bull, terá colegas mais fortes para defender a amarela durante três semanas, coisa que na Quick-Step não acontecia.” 

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“Remco pode relançar uma carreira e abrir um novo ciclo. Está a colocar-se em dificuldades, tanto melhor! Não há milagres: nas grandes Voltas, o mais forte ganha. Hoje, derrotar Pogacar ou Vingegaard num evento de três semanas é muito complicado. Mesmo com uma mudança tática, superar o terceiro lugar será difícil quando os dois gigantes estiverem em boa forma. No dia em que um dos dois, ou ambos, abrandar, Remco será o primeiro a assumir o comando. Os seus companheiros de equipa eram demasiado fracos para defender a camisola amarela durante três semanas. Na Red Bull, se ele vestir essa camisola, haverá tipos capazes de correr até Paris para o proteger”, afirma Gilbert.

Crédito da imagem: LeTour Twitter ASO 

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