Num dia em que se tinha a etapa rainha do Critérium du Dauphiné e mais um monumento, a Lombardia, as atenções acabaram por ser muito desviadas para as quedas que marcaram as duas corridas. Remco Evenepoel, que tem vindo a ser um dos grandes protagonistas de 2020, vê-se agora como foco das atenções pelas piores razões. Já Jakob Fuglsang continua a mostrar que os anos passam, mas que foi muito a tempo de se afirmar nas grandes clássicas e não só.

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O dinamarquês da Astana conquistou o segundo monumento da carreira, depois de em 2019 ter ganho a Liège-Bastogne-Liège. Aos 35 anos, foi um ciclista que falhou em confirmar as expetativas nas grandes voltas. Contudo, soma vitórias em clássicas e também demonstra ser forte em provas de uma semana. Este ano vai trocar o Tour pelo Giro, talvez à procura de mais uma oportunidade de fazer algo de nota numa grande volta.

Na Lombardia, a Astana com Fuglsang e um muito talentoso russo Aleksandr Vlasov acabaram por bater o trio da Trek-Segafredo: Bauke Mollema (vencedor em 2019), Giulio Ciccone e Vincenzo Nibali (vencedor em 2015 e 2017). Juntamente com George Bennett (Jumbo-Visma) e Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep), este grupo ficou ainda com mais de 40 quilómetros por percorrer dos 231, entre Bergamo e Como.

Evenepoel, que estava numa senda vencedora depois de quatro vitórias em outras tantas provas por etapas feitas em 2020, estreava-se num monumento. Era favorito. Acabou a medir mal a saída de uma curva, bateu num muro e caiu para o lado de lá de uma ponte. Um susto enorme para todos, principalmente para uma equipa que há semana e meia viu Fabio Jakobsen sofrer uma das quedas mais violentas em tempos recentes, na Volta à Polónia.

Fim de corrida para o belga, que foi transportado para o hospital. A Deceuninck-QuickStep informou que o ciclista fraturou a pélvis e sofreu uma contusão pulmonar, o que o vai afastar das corridas durante algum tempo. Vai permanecer internado pelo menos até domingo, quando deverá regressar à Bélgica, segundo a equipa.

A corrida também sofreu com este abandono. Não que não tenha havido espetáculo, mas acabou por faltar mais ação, com algumas acelerações a serem o suficiente para ir eliminando os ciclistas.

No final ficou Fuglsang e Bennett, mas o neozelandês, que há três dias venceu o Gran Piemonte, quebrou e ficou a passadeira estendida para o dinamarquês embelezar o seu currículo. 31 segundos separaram primeiro e segundo, com Vlasov a fechar o pódio a 51 segundos. O campeão russo, de apenas 24 anos, venceu recentemente o Desafio do Mont Ventoux e começa a chamar alguma atenção.

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Classificação completa, via ProCyclingStats.

Mais uma queda

Na Lombardia viveu-se ainda um momento insólito. Um carro não pertencente à corrida entrou no percurso. A senhora virou à esquerda. Max Schachmann é que não estava à espera e, em plena descida, não conseguiu evitar o choque. Conseguiu terminar a corrida – já não faltavam muitos quilómetros -, mas pareceu tão surpreendido como todos os outros. Como foi possível num monumento um veículo entrar assim numa estrada supostamente fechada?

Entre a queda de Evenepoel – não é o primeiro ciclista a cair naquele local no historial da prova –  e a de Schachmann, a RCS Sport, organizadora da prova e também da Volta a Itália, por exemplo, teve um dia bem complicado.

Os portugueses

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João Almeida (Deceuninck-QuickStep) estreou-se num monumento, enquanto Ruben Guerreiro (EF Pro Cycling) fez a sua primeira Lombardia, depois de duas Liège-Bastogne-Liège. Foi a primeira corrida de fundo do ciclista português no pós-confinamento (participou no contra-relógio da Prova de Reabertura, em Anadia, no início de julho) e que bem esteve.

Guerreiro fechou na 17ª posição, a 10:25 minutos do vencedor, num regresso à competição muito prometedor. Já Almeida não foi feliz, estando entre os muitos ciclistas que não terminaram a Lombardia.

E no Dauphiné…

Mais quedas. Se a de Evenepoel pode ter tirado alguma espetacularidade à decisão da Lombardia, no Dauphiné a saída de Emanuel Buchmann (Bora-Hansgrohe) devido a uma queda, não ajudou a uma etapa rainha que acabou por desiludir. O alemão tem mostrado boa forma e não tinha desistido de tentar fazer frente a um Roglic imbatível, mas não infalível.

O esloveno também caiu. Não ficou muito bem tratado num braço e perna, o que levou a Jumbo-Visma a controlar mais a etapa sem um ritmo demasiado elevado, evitando ataques, acabando rapidamente com os que houve. E fê-lo sem Steven Krujswijk. O holandês foi mais um a ir ao chão, deslocando um ombro. Surgem agora dúvidas sobre a sua presença no Tour, que arranca a 29 de agosto.

De referir ainda que Egan Bernal nem partiu para a etapa das seis subidas categorizadas em 153,5 quilómetros. O colombiano terá sofrido de dores nas costas. Isto significou que a Ineos não se preocupou mais com o Dauphiné. Michal Kwiatkowski esteve na fuga até final, mas ficou longe de discutir a vitória.

Esta ficou para Lennard Kämna, que aos 23 anos conquistou a sua primeira vitória como profissional, no que se pode dizer que foi um momento para fazer sorrir uma Bora-Hansgrohe que bem precisava!

Classificações completas, via ProCyclingStats.

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(Texto atualizado às 20h08 com o estado de saúde de Remco Evenepoel.)

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