O diretor da Groupama-FDJ, Marc Madiot, critica a entrada de Jorge Mendes no ciclismo profissional. Em declarações à estação de rádio francesa RMC, Madiot afirmou que seria “catastrófico” se o super-agente português e outros “tentassem trazer para o ciclismo o sistema de mercado de transferências do futebol”.

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Jorge Mendes, através da sua agência Polaris Sports, anunciou na semana passada uma parceria com a congénere Corso Sports, dirigida pelo compatriota João Correia. Mendes passa a representar os portugueses João Almeida (Deceuninck-QuickStep) e Rubén Guerreiro (EF Education-Nippo) através da Polaris, e indiretamente, pela ligação à Corso, outros ciclistas internacionais de topo, como Tao Geoghegan Hart (Ineos Grenadiers) e Mads Pedersen (Trek-Segafredo).

Marc Madiot, diretor da Groupama-FDJ, não quer alterações ao sistema de transferências do ciclismo

“Se Mendes é agente do [João] Almeida, então o Almeida nunca virá para a minha equipa”, começou por dizer Madiot. “Eu não quero o sistema de futebol”, continuou o diretor da FDJ. “Queremos que pessoas como [Jorge] Mendes entrem no ciclismo? Eu não! Ele pode ficar em Portugal com os seus jogadores de futebol”, declarou perentoriamente.

No ciclismo, atletas celebram contratos de curto prazo com as equipas e não são considerados no “mercado” até que o referido vínculo se aproxime do seu termo, momento em que decidem – corredor e equipa – se renovam a ligação ou se desvinculam, ficando o desportista livre de assinar por outra equipa, sem direito a indemnizações financeiras entre estas.

O agente português Jorge Mendes é o novo representante de João Almeida e de Rúben Guerreiro

“Claro que já temos agentes no ciclismo, mas há um elemento extremamente importante no ciclismo, que é que um contrato tem uma duração fixa e respeitamo-la”, explicou Madiot.

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“Isso significa que se um corredor assinar comigo por dois anos, cumpriremos esses dois anos. No final desse tempo, estará livre e eu estou livre. Se tenho 10 euros, gasto 10 euros – não jogo com os cinco euros que poderia ganhar com a revenda de um corredor”, sustentou o responsável da FDJ.

De momento, a Polaris Sports representa oficialmente apenas dois pilotos portugueses, mas Madiot alertou para os perigos de Jorge Mendes e de outros agentes alargarem a sua esfera de influência no ciclismo. “Há uma coisa que ele [Jorge Mendes] precisa de aprender, embora creio que ele saiba… Ele não vai ganhar no ciclismo o dinheiro que ganha no futebol. Talvez tenha outras ideias, mas também não são boas. Acho que o que essas pessoas querem, é a determinado momento assumir o controlo do sistema no ciclismo, e isso seria ainda mais catastrófico”.

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